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Lumen opacatum

Exposición / Galería Pilar / Rua Barão de Tatuí, 389 - Santa Cecília / São Paulo, Sao Paulo, Brasil
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Cuándo:
10 ago de 2021 - 17 oct de 2021

Inauguración:
10 ago de 2021

Precio:
Entrada gratuita

Organizada por:
Galería Pilar

Artistas participantes:
Moracy Almeida

ENLACES OFICIALES
Web 

       


Descripción de la Exposición

Lumen Opacatum: pinturas de Moracy Almeida por Yuri Quevedo* As telas e papéis de Moracy Amaral, que agora estão expostas na Galeria Pilar, compõem uma seleção de sua produção nos últimos dois anos. Esta foi guiada pelo estudo disciplinado de técnicas de pintura, e por desenvolvimento de pesquisa sobre a cor, que levou o artista à começar a fabricar sua própria tinta em ateliê. O resultado é uma fatura que toma consciência de si enquanto trabalho, atenta às etapas de sua construção. Nas telas vemos placas de cor sendo montadas umas sobre as outras, e articuladas entre si. Frestas surgem entre elas; espaços construídos, não residuais, qualificados por vestígios de camadas anteriores da pintura. Já nos papéis - chamados de estudos pelo artista, mas que em nada devem às telas - vemos esses mesmos pedaços de cor afirmarem sua solidez diante de uma trama frouxa de grafite que, no entanto, é a estrutura que os organiza. O conjunto inteiro tem como característica particular as tais placas de cor - extremamente sólidas - e nos dá a impressão de um presente incontornável, formado de partes que o artista coloca em relação. É esse presente, que a pintura de Moracy Amaral trabalha, que este texto busca perscrutar. *** Sobre as placas de cor: elas têm espessura, matéria e são eminentemente construídas. É perceptível o modo como o artista as produz, espalhando sua massa grossa sobre a tela, deixando evidentes os caminhos que o pincel faz para configurá-las. O resultado é uma superfície sólida, em que a cor tem uma inteireza tangível e expressiva. Essas placas recusam qualquer comentário sobre virtuosismo do liso e do “bem-acabado”. E assim, parecem trazer consigo a consciência de como são feitas: em uma realidade na qual a construção ainda se dá de maneira pouco industrializada, e o trabalho artesanal é pouco valorizado, a exigência (ou gosto) pela superfície lisa pode ser uma violência. A qualidade tangível da cor nessas pinturas também afasta qualquer virtualidade, ou caráter alegórico que ela poderia ter. São claras, mas densas. Não possuem transparência; não se pode atravessá-las para encontrar outras camadas. Nosso olho se fixa em sua textura, em pequenos pedaços de pigmento e, aos poucos, vai encontrando posição entre a resistência de sua solidez e a possibilidade de penetrá-la. O que essa cor nos oferece é uma experiência do agora - do presente e sua relativa impenetrabilidade. Não realizam uma operação de memória; que recorda camadas que se sobrepõem na construção da pintura e esmaece conforme a sucessão de tons e de tempo. Também não se apresentam como modelo ou exemplo de nada; não sugerem futuro, ou como poderia ser. São matéria do presente, tão denso e construído como ele pode ser. *** A pintura de Moracy Amaral é feita do que ele faz dessa cor. De como relaciona cada uma de suas placas sólidas - como ele articula o presente. As frestas - os vazios - são espaços construídos e qualificados por essa negociação. Portanto, é ali que reconhecemos diferentes momentos de seu trabalho. Camadas mais antigas - indícios de um passado - concorrem espaço na superfície com as placas mais recentes. Cores, as vezes opostas àquelas que as cobriram, emergem nesses lugares. Um vermelho sanguíneo brota nos limites do azul ou do verde. E o verde, do encontro de duas placas rosas. Não é lembrança ou memória. Ao contrário, são aqueles vestígios do passado que ainda se fazem presentes e constroem aquilo que chamamos de agora, em relação ao reconhecimento do que restou do antes. Moracy Amaral chama esses trabalhos de Lumen Opcatum, expressão que decorre da leitura de Goethe e Kirchner sobre a qualidade da cor - sua relação com o cinza e a sombra - que estabelece um espectro variado para a sua apreensão pelo olho; sempre mais escuro que o branco e mais claro que o preto. *** Nos papéis, as placas se articulam de outro jeito; e então se enuncia uma ideia de projeto prévio para organiza-las. O traço típico dos croquis - marcado com a mina do grafite de maneira solta - cria uma trama frouxa, espécie de rede ou tecido esgarçado. Neste mesmo plano, se diagramam as placas que ocupam como podem o espaço fracamente estipulado por essa estrutura. A relação que se cria entre o desenho e a pintura aqui é desconcertante. O grafite pode esboçar colunas, planos e ideias, mas tem de conviver com a presença incontornável da cor. O desenho organiza, mas não pode abarcar aquela realidade. Afinal, como algo com tão pouca substância pode contornar materialidades tão sólidas? Como pode almejar dizer o que serão se elas já existem agora? Mas é nesse momento que o artista parece reafirmar seu compromisso com a pintura como processo de reflexão. Por mais que haja um desenho - um projeto -, é na lida com essa matéria sólida que se dá seu trabalho. E, mais uma vez, é na articulação dessas formas tangíveis - no esforço de acomodá-las - que a experiência dessa pintura se dá. *** Nesses dois conjuntos - telas e papéis - comparecem as placas de cor; densas e construídas. Na superfície, Moracy Amaral monta sua articulação, negociando cada posição no presente da pintura. Suas relações dependem do agora; como as do passado se fizeram então, e as do futuro podem ainda se realizar. O artista tem compromisso em propor relações no momento em que está; não em prescrever como elas poderiam ser. Por um lado, essa atitude pode ser desoladora. Mas, ao contrário, é tranquila e respeitosa. Porque não é saudosista, nem modelar. Não quer ser exemplar de nenhuma forma; afinal, presentes exemplares são frequentemente autoritários. Moracy Amaral e Almeida (1974), vive e trabalha em São Paulo, SP | Brasil. Formado em Arquitetura e Urbanismo pela Escolada Cidade (2009), mestre pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo FAU-USP (2015). É aluno do pintor Paulo Pasta no Espaço do Olhar | Instituto Tomie Othake (2018-2021). Seu trabalho vem sendo apresentado em diversas exposições, com destaque: Exposições Espaço do Olhar | Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil (2018 e 2019); XXIII Salão de Artes Plásticas de Mococa, São Paulo, Brasil (2015); XXIX Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba (1998) e Exposição “Transformando o desenho em gravura”, Museu de Imagem e do Som de São Paulo - MIS, São Paulo, Brasil (1992). Dedica-se ao desenho e à pintura, buscando um cruzamento da prática pictórica com uma reflexão poética sobre as cidades e seus elementos arquitetônicos, através de uma síntese geométrica construída pela transformação da cor, que buscam revelar o processo da pintura. Yuri Quevedo é professor e pesquisador de História da Arte. Graduado pela Escola da Cidade e mestre pela FAU-USP. Foi Curador Assistente no processo de reformulação para a nova mostra de longa-duração do acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo (2020). Integrou a equipe de pesquisa e curadoria da X Bienal de Arquitetura de São Paulo (2013). Desde 2019, é professor de História da Arte na Escola da Cidade, onde também é responsável pelas disciplinas eletivas “Museu é um espaço grave” e “Arquitetura e Performance”. Em sua trajetória de pesquisa tem se dedicado à História da Arte feita no Brasil, em especial na relação com outras linguagens como a arquitetura, as artes do corpo e da cena.


Entrada actualizada el el 24 ago de 2021

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