Descripción de la Exposición
Artistas: Alberto Baraya, Carlos Garaicoa, Enrique Ramirez, Karlo Andrei Ibarra, Melanie Smith, Alfredo Jaar, Carlos Motta, Glenda Léon, Lotty Rosenfeld y Sandra Gamarra.
Os dez artistas apresentados trabalham com a mesma premissa de reinstalar a história de seus próprios países, buscando referências e informações através da memória. Este resgate de informações pode ser visto como uma releitura do passado – evidenciando seu caráter retórico, incompleto e ficcional - e consequentemente uma análise do presente.
"A exposição Lembre-se de lembrar: uma aproximação de artistas latino americanos à sua história discute questões através de relatos que articulam a história da América Latina e suas memórias, em uma época onde a história passada como disciplina pode ser considerada retórica, incompleta ou até mesmo ficcional. Como esta história foi escrita? Quantas micro-histórias, dentro da grande história, foram contadas sem serem registradas?
Independentemente das ideologias políticas que foram dominantes no continente, os setores de oposição, nestes momentos, foram silenciados e reprimidos. Depois de tanto silêncio, a identidade latino-americana tem muito a dizer. Cada um dos artistas com seu próprio percurso, apresenta distintas visões, ficções e críticas.
A obra de Alfredo Jaar, utilizando uma frase de Samual Beckett 'I can’t go on - I will go on', sugere uma leitura do que foi historicamente o sentimento de enfrentar a ditadura, com manipulações e injustiças. Enrique Ramirez, Carlos Garaicoa e Sandra Gamarra se focam em imagens particulares que remetem a distintas violências político-econômicas da história e do cotidiano latino-americano.
Enrique Ramirez (Chile) reinterpreta o desaparecimento na época da ditadura, por meio de uma imagem em movimento e de uma vitrine que contém um livro com frases secretas que não podemos ler. Sandra Gamarra (Perú), por sua parte, se apropria de jornais publicados durante uma semana do Brasil, Perú e Chile e elabora um tríptico com três páginas, remetendo através deste recorte midiático, casos de corrupção, e usa a pintura como meio de intervenção.
Carlos Garaicoa (Cuba), realiza uma obra com três selos postais, um do terceiro Reich (original de 1938), um selo do American Post (1942) e um selo Suíço (apropriação e nova edição do Cartão Suíço da Basilea de 1945). Sua obra fala sobre o uso de certas imagens e símbolos como reafirmação de poder.
Outra leitura do passado, encontramos no trabalho da artista Melanie Smith (Inglaterra-México), que trata de histórias desconhecidas. Sua obra retrata realidades que parecem distantes, mas que fazem parte do nosso continente. Para esta exposição, a partir do projeto Fordlândia (2013), a artista realiza uma composição fotográfica sobre este utópico projeto de Henry Ford que foi convertido em enigmáticas ruínas no Amazonas. Por outro lado, Alberto Baraya (Colômbia) utiliza-se do humor e cria mais uma obra da série “Herbario de plantas Artificiales”, lançando uma planta carnívora devoradora de heróis.
Uma intenção discursiva mais formal e direta pode ser reconhecida nas obras dos artistas Carlos Motta, Karlo Andrei Ibarra e Lotty Rosenfeld, onde a crítica e o contexto são anunciados de maneira incisiva. Carlos Motta (Colômbia) exibe um mapa de madeira da América, onde a cor e o tamanho contrastam as desigualdades do território estado unidense com o latino americano. Karlo Andrei Ibarra (Porto Rico) recorre a tradição colonial do marcador quente sobre a pele, que associa-se ao trato dos escravos. Os carimbos recebem logos de empresas multinacionais, todas associadas a degeneração de recursos naturais e humanos. A obra simboliza o reflexo negativo do capitalismo e a falsa ideia de progresso de empresas de grande porte. O trabalho de Lotty Rosenfeld (Chile) corresponde a uma intervenção realizada em Havana, Cuba, em 1985, em frente a Plaza de la Revolución, realizando de maneira independente, sua reconhecida acción de artedas cruzes no asfalto.
O relato que constrói Lembre-se de lembrar tem, portanto, seu próprio percurso, distintas versões, ficções e intensidades. Articulam uma forma de lembrar da América Latina devolvendo potencialidade quando incluídas novas histórias."
Alexia Tala
Curadora
Formación. 08 may de 2025 - 17 may de 2025 / Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (MNCARS) / Madrid, España