Descripción de la Exposición
Carmézia Emiliano participa de "Ko’ko Non Zumbá", exposição que reúne duas pinturas de Emiliano ao lado de cerâmicas 11 mestras ceramistas roraimenses: Vovó Bernaldina, Carmelita Raposo, Damiana Raposo, Erlize de Souza, Iolanda Fidelis, Ivanir Fidelis, Joana Fidelis, Lelibeth Salazar, Lídia Raposo, Margarete Raposo, Vovó Zilda Fidelis.
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A terra, o barro e a argila são elementos que têm sido reverenciados e utilizados por diversos povos e nações ao redor do mundo ao longo de muitos anos. No contexto da cultura dos povos originários e de matriz africana, o uso do barro vai muito além de uma simples matéria-prima extraída da terra para criação de peças utilitárias. Para os povos indígenas da etnia Macuxi, o barro é conhecido como Ko’ko Non, que pode ser traduzido como "Vovó Barro", uma divindade feminina sagrada que desempenha um papel fundamental no cotidiano da comunidade desde a prática alimentar, rituais de cura, conexão espiritual e construção de objetos ritualísticos. Da mesma forma, nas tradições dos povos de religião de matriz africana de nação Angola, a Nkissi Zumbá é associada ao barro. Essa divindade é vista como a guardiã da lama primordial, o barro, a argila da qual são feitos os homens, representando a ancestralidade e a sabedoria. As semelhanças entre a visão dos Macuxi e dos povos de matriz africana são legítimas, ambos reconhecem a profunda ligação entre o ser humano e o barro.
Tanto a Nkissi Zumbá como a Vovó Barro são reverenciadas como anciãs e matriarcas, figuras femininas enriquecidas por inúmeras experiências e sabedorias. São mulheres que representam a força, a resiliência e a profunda conexão com a terra e a espiritualidade, desempenhando papéis fundamentais nas comunidades dos povos de matriz africana e indígenas. Como matriarcas, elas são símbolos de força da natureza e fontes de inspiração, enaltecendo a importância das mulheres que cuidam, lideram e preservam tradições culturais e cosmológicas ao longo das gerações.
Dessa relação de semelhança e identificação, nasce a exposição Ko’ko Non Zumbá com o objetivo de realçar a importância intrínseca do barro nas práticas culturais e espirituais destes povos no território roraimense, especialmente no âmbito da cerâmica. Através desse mergulho, buscamos despertar olhares para como o barro desempenha um papel central na preservação de tradições ancestrais, na expressão artística e na conexão espiritual que permanece vibrante e resistente nos dias atuais.
Ter contato com uma peça cerâmica produzida pelas Mestras e Ceramistas Macuxi de Roraima é mais do que uma simples interação com um objeto; é tocar nas raízes que nos conectam ao tempo de nossos antepassados. Esse vínculo com o barro e a cerâmica transcende a mera apreciação estética, representando uma ligação profunda com a terra, a natureza e a espiritualidade. Da mesma forma, o barro também desempenha um papel essencial nas religiões de matriz africana, simbolizando essa mesma conexão com a terra e a renovação espiritual. É uma parte fundamental dos rituais, das oferendas e das práticas que permitem aos praticantes honrar suas divindades e manter uma ligação profunda com suas tradições religiosas e culturais.
Cada peça presente nessa exposição carrega consigo os saberes originários e afro-brasileiros amazônicos, moldados com habilidade através do toque das mãos, da pedra lisa e do barro. Dessa forma, podemos estabelecer uma correlação entre cada peça e os conhecimentos que residem por trás do barro solidificado, tornando visíveis os laços entre a arte cerâmica e a rica herança cultural desses povos.
Daya Roraima e Rafael Pinto
Exposición. 19 nov de 2024 - 02 mar de 2025 / Museo Nacional del Prado / Madrid, España
Formación. 23 nov de 2024 - 29 nov de 2024 / Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (MNCARS) / Madrid, España