Descripción de la Exposición
A trajetória de Juraci Dórea é única no panorama artístico brasileiro. Nascido em 1944 em Feira de Santana, BA, onde ainda reside, Juraci morou e estudou em Salvador no começo dos anos 1960, entrando em contato com uma cena vibrante e dinâmica em todas as áreas da cultura. Ao voltar a Feira de Santana, o artista trouxe consigo uma visão cosmopolita do fazer artístico, que fez com que, em total autonomia e independência, desenvolvesse ao longo das décadas seguintes e até hoje uma produção radical, consciente das tendências e dos debates contemporâneos, e ao mesmo tempo profunda e programaticamente enraizada no dia a dia e na cultura do sertão.
Uma de suas séries mais icônicas é a dos chamados Estandartes do Jacuípe, iniciada em 1975, na qual o artista se apropria de técnicas de trabalho do couro e de motivos decorativos utilizados normalmente em selas e vestimentas de vaqueiros, mas que aqui são quase que sublimados em objetos sem qualquer caráter utilitário ou prático. Alguns anos mais tarde, em 1982, Juraci inicia um projeto que ganharia contornos quase míticos, o Projeto Terra, em que utiliza novamente o couro, juntamente com galhos e outros elementos da paisagem, para criar esculturas a serem instaladas no interior do sertão baiano e ali deixadas. Um vídeo e fotografias, algumas delas incluídas nesta apresentação, são o único registro dessas ações e das próprias obras, concebidas para serem entregues ao próprio sertão e à população local (que frequentemente se engajava na produção ajudando ou até questionando o artista) sem qualquer ambição mercadológica ou de visibilização.
No mesmo período, o artista, influenciado também pela iconografia da literatura de cordel, produz, além das pinturas sobre tela ou placas da série Histórias do Sertão, também uma série de intervenções com motivos parecidos diretamente nas fachadas de casas de vilarejos do sertão. Com esses gestos (pintar histórias, numa linguagem acessível e cativante, nas fachadas de casas; produzir esculturas para deixá-las se fundir com o ambiente), Juraci questionava o circuito da arte contemporânea brasileira e abria uma possibilidade inédita de inserção da obra na paisagem que, se por um lado dialoga com experiências internacionais como o movimento da Land Art, à qual já foi aproximada, por outro reafirma a convicção do artista de que “o sertão é um grande museu”.
Jacopo Crivelli Visconti
Exposición. 17 dic de 2024 - 16 mar de 2025 / Museo Picasso Málaga / Málaga, España
Formación. 01 oct de 2024 - 04 abr de 2025 / PHotoEspaña / Madrid, España