Descripción de la Exposición
“Jorge Pinheiro: D'après Fibonacci e as coisas lá fora” reúne pinturas, desenhos e esculturas de Jorge Pinheiro, um influente artista português nascido em Coimbra em 1931. A exposição é baseada numa ideia do artista Pedro Cabrita Reis, a convite de Suzanne Cotter, Diretora do Museu de Serralves, e tem desenho de instalação concebido pelo arquiteto Eduardo Souto Moura. A mostra dá sequência ao programa de exposições dedicadas à obra de artistas relevantes do século XX desconhecidos do grande público fora de Portugal.
O diálogo estreito que se estabeleceu entre Jorge Pinheiro e Pedro Cabrita Reis na preparação da exposição conduziu à seleção de 80 obras, datadas de períodos específicos do percurso de Pinheiro, desde os anos 1960 até ao presente, nos quais a pintura figurativa e as linguagens da arte concreta e da abstração concetual coincidem. A exposição inclui ainda uma nova escultura produzida especialmente para a exposição e para o contexto da arquitetura do Museu. O catálogo que acompanha a exposição reproduz, além das obras expostas em Serralves, os cerca de 90 desenhos que integram uma exposição simultânea que terá lugar na Fundação Carmona e Costa, em Lisboa. O catálogo inclui ainda uma entrevista a Jorge Pinheiro conduzida por Pedro Cabrita Reis e um ensaio do poeta e crítico de arte João Miguel Fernandes Jorge.
As primeiras pinturas de Jorge Pinheiro — contemporâneas dos estudos em Pintura que concluiu em 1963, na Escola Superior de Belas-Artes do Porto, onde estudavam também os arquitetos que viriam a integrar a chamada “Escola do Porto” — caracterizavam-se por uma figuração de pendor realista e um imaginário fértil em alusões ao panorama sociocultural de Portugal à época. Em composições fechadas e através de uma paleta restrita, as figuras e os espaços dessas obras iniciais refletem os silêncios e abandonos de um país subjugado pela ditadura.
Em 1966, e graças a uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, Jorge Pinheiro realiza uma viagem pela Europa que viria a revelar-se fundamental para a inflexão do seu trabalho no sentido da abstração geométrica. Influenciado pelas pesquisas da Abstraccion-Création, pelas propostas da arte concreta, da shaped canvas e, particularmente, pelo pensamento estruturalista, Pinheiro expandiu o seu vocabulário formal e privilegiou, na pintura, no desenho e na escultura, a mecânica das chamadas “formas da expressão”, entendidas como os componentes basilares da perceção visual.
No início da década de 1970, às modulações geométricas e padrões de alto contraste cromático junta-se uma exaustiva exploração das noções de ritmo e de série, que mostram o interesse do artista pelas áreas da música e do número, em particular pelo dodecafonismo de Schönberg e pela série de Fibonacci.
Na viragem para os anos 1980, e recuperando o espírito de comentário social, político e cultural das suas primeiras obras, desta feita complementado pelas mais diversas citações da história da pintura, Jorge Pinheiro volta a abraçar plenamente a figuração, em telas cujo cunho pós-moderno antecipa e radicaliza alguns dos desenvolvimentos internacionais da década. Os seus trabalhos mais recentes, já no século XXI, marcam o regresso de Pinheiro à abstração da música e do número.
“Jorge Pinheiro: D'après Fibonacci e as coisas lá fora” é uma exposição organizada em parceria com a Fundação Carmona e Costa, Lisboa.
Sobre Jorge Pinheiro
Jorge Pinheiro nasceu em 1931 em Coimbra e atualmente vive e trabalha no Estoril. Formou-se em Pintura na Escola de Belas Artes do Porto em 1963. Entre 1963 a 1976 foi professor nesta escola e depois na Escola de Belas-Artes de Lisboa. Em 1968 integrou o grupo "Os Quatro Vintes", juntamente com Ângelo de Sousa, Armando Alves e José Rodrigues. Iniciando a sua produção artística num campo de tendência expressionista e figurativa, Jorge Pinheiro tomou contacto com o abstracionismo geométrico após uma viagem pela Europa em 1966, apoiada pela Fundação Calouste Gulbenkian. Posteriormente, entre 1969 e 1970, novamente bolseiro da Gulbenkian, estudou Semiótica da Pintura em Paris, e a sua produção artística seguiu a via do abstracionismo, numa abordagem geométrica e cromática da pintura, em que a habitual forma retangular do suporte é substituída por formatos menos ortodoxos. O desenho é também uma importante componente da obra de Jorge Pinheiro. Em obras em papel notáveis, como “Ensaios para uma “reescrita” da partitura de Filipe Pires - Figurations III” (1969) ou “Quinze ensaios sobre um tema ou Pitágoras jogando xadrez com Marcel Duchamp” (1975), Pinheiro desenvolve relações formais e rítmicas com a escrita caligráfica e a música. A obra de Jorge Pinheiro estende-se também à escultura de base geométrica, que o artista desenha e projeta meticulosamente e que concretiza em materiais como o acrílico, o ferro e o espelho. Ainda nos anos 1970 Jorge Pinheiro regressa à figuração, numa vontade de continuar a refletir sobre a realidade histórica, política e cultural. A malha geométrica, que desenvolvera na década de 1970 baseada na série de Fibonnaci e sobre a qual assentara a sua obra, continua a servir de base à composição das suas pinturas, em que mantém a utilização da cor e trabalha o desenho rigoroso das figuras.
Desde os anos 1950 a obra de Jorge Pinheiro tem sido apresentada em várias exposições individuais e coletivas, como “De tempos a tempos – À memória do Ângelo”, Cooperativa Árvore, Porto, 2015; “Realmente real”, Galeria Fernando Santos, Porto, 2010; “Jorge Pinheiro: Exposição Antológica”, Fundação Calouste Gulbenkian (CAM), Lisboa, 2002; “Perspectiva: Alternativa Zero”, Museu de Serralves, Porto, 1997. Os seus trabalhos estão representados em importantes coleções nacionais como a da Fundação Calouste Gulbenkian, a do Museu do Chiado, a da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e a da Fundação de Serralves.
Sobre Pedro Cabrita Reis
Pedro Cabrita Reis nasceu em Lisboa em 1956, cidade onde vive e trabalha. Participou em importantes exposições internacionais, tais como na Documenta IX em Kassel, em 1992, nas 21ª e 24ª Bienais de São Paulo, respetivamente em 1994 e 1998, e no Aperto, na Bienal de Veneza de 1995. Em 2003 representou Portugal na Bienal de Veneza e em 2009 participou na Xème Biennale de Lyon. O seu trabalho tem sido objeto de numerosas exposições nacionais e internacionais em importantes instituições um pouco por todo o mundo: MAXXI, Museo nazionale delle arti del XXI secolo, Roma, Itália; Tate Modern, Londres, Reino Unido; Carré d’Art – Musée d’art contemporain, Nimes, França; Fondazione Merz Centro d’arte contemporânea, Turim, Itália e Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil. A obra de Pedro Cabrita Reis está representada em várias coleções em Portugal e no estrangeiro, entre elas as do Centre Pompidou, Paris, França; Museo Nacional Centro De Arte Reina Sofía, Madrid, Espanha; Kunstmuseum Berna, Suíça; Tate Modern, Londres, Reino Unido; Solomon R. Guggenheim Museum, Nova Iorque, EUA.
Sobre Eduardo Souto de Moura
Eduardo Souto de Moura nasceu no Porto em 1952. Licenciou-se em arquitetura pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto em 1980. Em 1974 colaborou com o arquiteto Noé Dinis e entre 1975 e 1979 com Álvaro Siza Vieira. De 1981 a 1991 foi professor assistente na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto. Desde 1980 tem o seu próprio gabinete de arquitetura. Foi professor convidado nas escolas de arquitetura de Paris-Belleville, Harvard, Dublin, Zurich, Lausanne e Mantova. Participou em vários Seminários e Conferências em Portugal e no estrangeiro. Em 2011 recebeu o Prémio Pritzker, em 2013 o Prémio Wolf e em 2017 o Prémio Piranesi.
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