Descripción de la Exposición
Jaime: “vi uma cadela minha com lobos” é uma exposição dedicada à obra de Jaime Fernandes (1899-1969) que reúne mais de quarenta desenhos provenientes de diversas coleções particulares de Portugal, França, Suíça e Áustria e de instituições nacionais e internacionais, como a Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa) e a Collection de l’Art Brut (Lausanne). A exposição resulta de um trabalho de investigação iniciado em 2019 pelo Centro de Arte Oliva que teve como objetivo a localização dos desenhos que Jaime realizou nos últimos anos da sua vida e que o tornaram inequivocamente um dos mais reconhecidos artistas da arte bruta europeia.
Jaime Fernandes nasceu na aldeia de Barco (Covilhã) onde viveu até aos 38 anos, idade em que foi internado no Hospital Miguel Bombarda (Lisboa) onde viria a morrer em 1969. O artista começou inesperadamente a desenhar quando tinha mais de sessenta anos e estava internado há mais de trinta. Os seus desenhos realizam-se a partir de uma densa trama de linhas, sobretudo criadas a partir de esferográficas coloridas, em que cria um mundo de figuras ancestrais povoado por animais imaginários, figuras humanas e antropomórficas. O mundo interior de Jaime expressou-se também através de textos, alguns escritos nos versos dos desenhos outros em cartas endereçadas à mulher. Das várias frases soltas que escreveu, e que relatavam as suas visões ou sonhos e pensamentos insondáveis, retira esta exposição o seu título.
O reconhecimento do valor artístico da obra de Jaime aconteceu anos depois da sua morte, mas surpreendentemente ultrapassou as fronteiras do país. Em 1980, setenta e quatro desenhos de Jaime puderam ser vistos numa exposição realizada na Fundação Calouste Gulbenkian, a maior dedicada ao autor; um ano depois, cerca de cinquenta desenhos figuraram na Bienal de S. Paulo na exposição Arte Incomum. A partir de então, os desenhos dispersaram por Portugal, Estados Unidos e Europa e foram integrados em diversas publicações e exposições, nas quais a sua obra tem sido valorizada como uma das significativas da história da art bruta europeia. Em Portugal, a obra alcançou estima de culto, mas continua a ser sobretudo conhecida através do filme Jaime (1974) de António Reis (1931-1991) e Margarida Cordeiro (1938) e não tanto pelo contacto direto com os desenhos, que poucos terão visto.
A presente exposição reúne desenhos de Jaime, sobre os quais novas informações e conhecimento foi produzido. A par dos desenhos outros elementos documentais e artísticos participam na exposição, para uma nova leitura e relacionamento com uma obra que esteve distante do público nos últimos quarenta anos.
A exposição é realizada em parceria com o Centro de Arte de S. João da Madeira/Associação Alão de Morais e conta com o apoio da DGARTES/República Portuguesa.
Andreia Magalhães tem desenvolvido a sua atividade profissional nas áreas da gestão de coleções, programação e produção de exposições. Em Portugal, trabalhou no Museu da Faculdade de Belas Artes, no Museu Nacional de Soares dos Reis e no Museu de Arte Contemporânea de Serralves. Fora do país trabalhou no Instituto Holandês para Media Art /Montevideo, o Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, os Museus de Arte Moderna de Nova Iorque e de São Francisco e no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo. Entre 2013 e 2016 coordenou o serviço de Museologia do Museu do Douro; desde 2017 dirige o Centro de Arte Oliva em São João da Madeira. É doutorada pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, tendo desenvolvido parte do programa de doutoramento no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. É Professora Auxiliar Convidada da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.
Exposición. 17 dic de 2024 - 16 mar de 2025 / Museo Picasso Málaga / Málaga, España
Formación. 01 oct de 2024 - 04 abr de 2025 / PHotoEspaña / Madrid, España