Descripción de la Exposición
Imagine a sua vida sem televisão, geladeira, luz elétrica, rádio e telefone. Itens hoje considerados tão básicos e completamente inseridos em nosso cotidiano que, muitas vezes, sequer refletimos sobre o quanto nos impactam. É inegável que a vida ficou mais fácil com essas invenções, que se tornaram parte da nossa realidade ao longo dos anos. Pensando nisso, os curadores Marcello Dantas e Agnaldo Farias trazem ao Museu da Cidade, pavilhão Oca, no Parque Ibirapuera, a partir do dia 5, a mostra “Invento - As revoluções que nos inventaram”, que confere o status de obra artística a importantes criações.
Em texto curatorial, Dantas conta que a concepção da exposição partiu de algumas reflexões, entre elas, a invenção dos smartphones e como eles transformaram tanto as relações humanas como o nosso próprio corpo. Ao se dar conta do impacto que uma única invenção exerceu sobre a vida das pessoas, ele estendeu a observação para outras criações que tiveram influência semelhante em diferentes momentos históricos.
O tempo não para
Como ponto de partida para selecionar as invenções, os curadores decidiram, de forma arbitrária, pelo ano de 1865, período em que a revolução industrial estava em pleno curso e em que o presidente Abraham Lincoln já havia decretado a libertação dos escravos nos Estados Unidos da América (EUA). “O fim da escravidão marcou a necessidade do homem inventar máquinas que pudessem facilitar o cotidiano e criar processos que melhorassem a qualidade de vida do homem. Começou uma importante era em que a inovação foi o motor da sociedade”, pontua Dantas.
A seleção de aproximadamente 35 obras, quase todas inéditas no Brasil e muitas desenvolvidas especialmente para a exposição, nos faz refletir sobre as mudanças na história do mundo e do homem a partir de suas próprias criações. Um total de 29 artistas abordou esses trabalhos de forma inusitada, na maioria das vezes. Como é o caso do caminhão do mexicano Damian Ortega, que apresenta peças internas e de contorno do veículo, deixando ao observador a tarefa de imaginá-lo como obra acabada.
Dentre as peças mais aguardadas está a guitarra elétrica que o artista plástico pop Andy Warhol personalizou para o grupo norte-americano de rock Velvet Underground. A criação inspirou a capa do disco de estreia da banda, “The Velvet Underground & Nico”, lançado em 1967.
Artistas brasileiros também participam da exposição, entre eles, Jarbas Lopes, que aborda a invenção do carro, conectando dois fuscas a partir de suas rodas. O coletivo O Grivo apresenta um piano automatizado, Renata Lucas traz uma obra que discute a constante vigilância eletrônica e Guto Lacaz expõe um rádio customizado.
Instalação resgata idiomas indígenas
Divide espaço com as invenções, a instalação sonora “O papagaio de Humboldt”, que será montada também a partir do dia 5, no último andar da Oca. A inspiração para o nome vem de um antigo mito conhecido pelo explorador e naturalista alemão Alexander von Humboldt ao visitar a tribo indígena Caribe. Segundo ele, um papagaio encontrado no local não repetia as palavras daquela tribo, mas sim de uma outra exterminada, os maipuré. Mais tarde, soube-se que o pássaro era o único ser vivo que falava aquele idioma.
Inspirado na lenda, o curador Alfons Hug convida os visitantes da Oca a adentrar esse universo povoado por centenas de línguas ameríndias, que vão invadir seus ouvidos por meio de alto-falantes instalados no local.
A obra coletiva reúne trabalhos de 15 profissionais, trazendo registros sonoros das línguas e entrevistas com pessoas que as falam. De nacionalidades diversas, os artistas convidados são de 13 países, entre eles, Brasil, Peru, El Salvador, Venezuela e Alemanha.
Público acompanha restauração de painel
O pavilhão da Oca, assim como o Parque Ibirapuera, foi inaugurado em 1954. Para celebrar a abertura, foi montada a “Exposição de história de São Paulo”, que exibiu trabalhos especialmente criados por Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Clóvis Graciano e pelo artista plástico português Manuel Lapa. Uma quinta peça integrava o conjunto, um painel mural localizado no subsolo do prédio, que esteve escondido, estima-se, há 15 anos.
Em 2014, durante a montagem da exposição “Ibirapuera: modernidades sobrepostas”, um técnico da equipe alertou a direção da Oca sobre uma parede falsa no subsolo que encobria um painel. A partir dessa descoberta, um pedaço da cobertura de madeira foi recortado, permitindo visualizar, atrás dela, parte de uma pintura com aproximadamente 3 metros de altura.
Agora, o conjunto de obras será restaurado com patrocínio privado e o público poderá acompanhar o trabalho em tempo real, através de uma vitrine criada especialmente para isso. A expectativa é reunir o conjunto novamente em uma exposição que deverá ser inaugurada no dia 25 de janeiro de 2016, data que marca os 462 anos da fundação de São Paulo.