Descripción de la Exposición
O risco azul mascara o rosto capturado pela fotografia e enuncia expressões como: “esquecida”, “sem importância” ou mesmo “desconhecida”. Por outro lado, há algo de “procura-se” na fotografia que Renato Bezerra de Mello monta como pôster. O retrato apropriado pelo artista não identifica a mulher fotografada, mas sugere uma presença vicária. Ao invés de a identidade da procurada se revelar, as expressões faciais foram violadas, mascarando-a. Se toda imagem fotográfica é um vestígio (a presença do ausente e a ausência da presença), Esqueça-me evidencia ainda mais as ambivalências entre comparecimento e ocultamento, entre memória e esquecimento, entre o visível e o invisível, afirmando-se como um vulto. A fotografia de Renato atua como metonímia de todo o Inventário do Esquecimento por ele empreendido. Inventariar significa listar e descrever minuciosamente bens e, quase sempre, está relacionado à morte de um ente querido. O esquecimento, por sua vez, só pode ser analisado em sua relação com a lembrança, sendo ambos constituintes da memória. Na exposição, o artista chama atenção para o caráter de rastro da fotografia, do documento e da memória, salientando as dualidades implicadas nesta metáfora. O rastro pode ser fruto do acaso ou da violência, deixado por um animal ou um criminoso em fuga. Quem deixa rastros não o faz intencionalmente, do mesmo modo que quem os decifra: detetives, arqueólogos, psicanalistas, artistas e poetas seguem pistas como quem decodifica um enigma. Como afirma Jeanne Marie Gagnebin: “rastros não são criados – como são outros signos culturais e lingüísticos –, mas sim deixados ou esquecidos” **. Em sua exposição, Renato relaciona modalidades de esquecimento, ao partir de um arquivo encontrado no lixo em Paris, formado por pastas coloridas que catalogavam histórias de mulheres que trabalhavam com prostituição na França.