Descripción de la Exposición A Mônica Filgueiras & Eduardo Machado Galeria abre a exposição Invasões, individual de Lúcio Carvalho, trazendo manipulações digitais que retratam a tomada de espaços de grandes museus e instituições culturais de renome por uma população carente. As obras dessa mostra, com curadoria de Li Camargo, são compostas por fotografias de alguns dos museus mais famosos do mundo, como Louvre, Metropolitan e Guggenheim, por exemplo, transpostas por imagens de objetos que evidenciam uma população marcada pela falta de acesso à cultura: cadeiras de plástico, varais, fiação com tênis pendurados, barracos, pneus, antenas. 'Uma fatia da população miserável, sem teto ou terra, que passa a vida sem questionar, sem se rebelar', diz Lúcio. 'Pois que questione, invada e ocupe os maiores centros culturais do mundo, e que tome como seu por direito, trocando culturas, assimilando e sendo assimilada', completa. Invasões é marcada pelo contraste entre representações do que há de mais elevado em termos de cultura com a pobreza. De acordo com o artista, essa série representa 'uma espécie de simbiose entre favela e barroco, ouro e lixo, riqueza e pobreza, o ganha-pão e a diversão'. Embora tenham total ausência da figura humana, com a qual Lúcio costuma trabalhar desde o começo de sua carreira, a ação do homem nesses trabalhos é evidente. Ainda que compostos apenas de objetos inanimados, são cheios de vida. Essas obras são produzidas através da aglutinação de registros anônimos, jornais e revistas escaneados e imagens extraídas da internet. O processo é iniciado com a imaginação de uma cena onírica, passa por uma seleção de imagens quase aleatórias, chegando à composição da obra em si, que, ao chegar a um corpo satisfatório, é sujeita a um processo de finalização detalhada, com a inserção de texturas, estampas, sombras, brilhos, reflexos e distorções. O modo de produção das obras que fazem parte de Invasões faz com que surja uma outra discussão, além do tema central, que aborda essencialmente questões de riqueza e pobreza, de acesso e restrição a espaços e bens culturais. Através da apropriação de imagens alheias para a construção de seus trabalhos, Lúcio Carvalho levanta mais uma questão que tem ligação direta com economia e cultura, assim como o cerne da exposição: a ideia clássica de autoria. ----------------------------- O ÂMAGO DAS COISAS Li Camargo, 2012 Lúcio Carvalho desfoca as linhas entre a fotografia e a pintura. Suas imagens vem munidas de grande conhecimento técnico de desenho, pintura e escultura, que os anos e os estudos, atrelados ao talento e dedicação lhe concedeu. Constrói magistralmente suas fotografias como se pintasse um quadro e nos mostra que o 'instante' não é o seu ápice, não é o seu foco, e sim todo o processo que está por vir. Sua fotografia não é feita no momento do click, isso é apenas um start. Lucio nos conduz a um tour por grandes museus e instituições internacionais como: Guggenheim, Louvre, Versailles, Metropolitam, D'Orsay... Sagrados e invioláveis templos da arte. Mas ao invés de um passeio clássico, esperado e óbvio, nos deparamos com o avesso. Como se fossem veias pulsando, velhos fios de eletricidade aparecem sobre os mármores Carrara; canos hidráulicos e tubulações, como vísceras expostas sob os afrescos renascentistas; espelhos bisotados, enferrujados e quebrados, rasgam seus reflexos barrocos; paredes rachadas, como se fossem estrias, com pichações; uma espécie de antídoto em forma de spray, como se tivesse o poder de curar todas as suas mazelas. Uma realidade despida e fantástica, que se equilibra precariamente entre os poderosos e belos conhecidos museus, e o terrível e inaceitável. Obras de arte misturadas com sucatas e sacos de lixo, quadros de artistas renomados com reproduções baratas e vulgares, esculturas de mármore italiano, com cadeiras de plástico ordinário, pneus velhos, antenas quebradas, varais de arame, gambiarras e tênis pendurados em meio aos poderosos museus. Inadmissível! Automaticamente tentamos identificar em nossas mentes a (des)ordem das coisas, e o que está fora de lugar. Stop! Nos despindo dos 'pré-conceitos' com mentes e olhos bem abertos. Inspirar! Começamos a assimilar, e quem sabe até aceitar, já que o funcionamento natural das coisas foge totalmente ao nosso controle; o estar vivo, o evoluir, o envelhecer, a obra permanece, nós não. Isso tudo nos causa um desconforto, e ao mesmo tempo nos prende o olhar; são irresistivelmente coloridas e vibrantes, mas também cruas, grotescas e repulsivas. Embora as fotos sejam totalmente desabitadas, a ação incisiva do ser humano no âmago desses trabalhos é evidente, sofás que parecem ter o vício do corpo, velhas lâmpadas esquecidas acesas, roupas estendidas nos varais, mesa com migalhas espalhadas, chão molhado e paredes sujas pelo tempo, criando assim uma narrativa sobre os museus e seus invasores, como se fossem palcos de dramas e romances, embaralhando realidade, e o que não é. 'Invasões' é uma espécie de simbiose entre: os museus, as habitações e os habitantes; a favela, o barraco e o barroco; o ouro o luxo e o lixo; a nobreza, a riqueza, a pobreza, e nós.
Exposición. 14 nov de 2024 - 08 dic de 2024 / Centro de Creación Contemporánea de Andalucía (C3A) / Córdoba, España
Formación. 23 nov de 2024 - 29 nov de 2024 / Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (MNCARS) / Madrid, España