Descripción de la Exposición
A Mendes Wood DM tem o orgulho de apresentar a primeira exposição individual da artista Kristy Luck no nosso espaço expositivo de São Paulo.
Espaços contemplativos não se definem sozinhos – são, antes de tudo, gerados por um ato de criação. O que guia a criação desse espaço, no caso das pinturas de Kristy Luck, é a fusão de uma superfície atmosférica, quase fugidia, ao seu inventário pessoal de símbolos. No conjunto de pinturas concebidas para esta exposição, a artista recorre ao que entende por um Comportamento Inevitável [Inevitable Behavior]: condutas que operam sempre em mutação, mas que guardam – de forma cada vez mais oculta – seu contexto de origem. É na representação de Luck que a observação em torno dessa conduta se transforma em onda reflexiva – espécie de revelação privada para a artista e para o observador.
Nesse processo inquisitivo, Luck explora temas de origem, partes de sua identidade que configuram um mistério, movimentos de transformação e, em última instância, o próprio processo criativo. Luck parece pintar sempre a partir de um estado mental característico, no qual objetos e paisagens se fundem e permanecem, em grande medida, não-identificáveis. A artista costuma fazer um paralelo de sua prática com a seguinte afirmação: “a pintura abstrata em si não é espiritual – talvez o espiritual seja abstrato. O que me interessa é a abstração como algo que acontece na mente”[1]. Seguindo esse curso, a artista opta pela representação de um espaço sempre indeterminado – minucioso e expansivo, intermitente e fluido.
Do ponto de vista prático, Luck enfatiza a composição simultânea em um conjunto de pinturas – para depois, gradativamente, revelar os aspectos formais de cada obra. No conjunto de motivos que ancoram o trabalho da artista, surgem órgãos – corações, em sua maioria –, escadas, formas biomórficas que colapsam qualquer necessidade de distinção entre o ambiente e o ser vivo. Esses elementos são trazidos do inventário pessoal da artista – sua relação com objetos e símbolos – e são transformados, repetidamente, ao longo do período de criação de cada pintura ou de cada mostra. Luck costuma usar fragmentos de obras ou referências anteriores e colocá-los em novas composições. Ao fim desse processo, o elemento se desloca do seu contexto original e se torna cada vez menos tangível. Essa tendência comportamental de operar sempre em mudança, tendo um ponto de partida, sugere o Inevitable Behavior – impulso inevitável que manipula seu contexto de origem.
A artista pinta em finas camadas de óleo sobre linho, ressaltando pinturas que são praticamente estados mentais. As obras não se sustentam em uma estrutura formal rígida – antes, são resultado de um fluxo e de um fragmento. Luck tenta escapar da analogia direta de uma forma de trabalho mais contínua e relacional. A artista opta por não ter planos – embora tudo parta de algo prévio, há sempre a ação inevitável do tempo e da reflexão. Seu trabalho evoca uma espécie de aparência frágil do mundo, que se desdobra a partir da fluidez de forma e aplicação da cor. Tudo está à beira de acontecer, em um estado fluido e simultaneamente suspenso. Em última instância, há uma indeterminação dentro da própria obra, um cultivo recorrente de perplexidade que permite uma sensação de tudo junto agora[2] – mais uma vez, por meio de uma insistência simultânea na totalidade dos trabalhos e em seus fragmentos.
Kristy Luck (Woodstock, 1985) vive e trabalha em Los Angeles.
Mostras individuais recentes incluem giving something a name doesn’t make it real, Philip Martin Gallery, Los Angeles (2021); If I Can Imagine This Light, Then I Can Work All Day, ODD ARK LA, Los Angeles (2019); Soma, Eastside International (ESXLA), Los Angeles (2017). Mostras coletivas incluem Run Straight Through, Torrance Art Museum, Torrance (2019); YIN/YANG, 0-0LA, Los Angeles (2019); Small Painting, Corbett vs. Dempsey, Chicago (2019); A Public Space, Fishers Island, New York (2019); Los Angeles Notebook, Jacob’s West, Los Angeles (2018); Reaching Point Break, Guerrero Gallery, San Francisco (2018); River Belly, Projet Pangée, Montreal (2018).
Luck recebeu uma bolsa Lighthouse Works Fellowship em 2017. Seu trabalho tem sido incluído em inúmeras publicações, a exemplo da Artforum, Art in America, Los Angeles Times, Architectural Digest, Artillery Magazine, Whitehot Magazine, The Editorial Magazine, and Opening Ceremony.
[1] Aqui, a artista se refere ao pensamento de Charline Von Heyl: “The revelation / was not about that old dictum / that abstract painting is spiritual, / which I never liked, / but that the spirituality is abstract.” (Oranges & Sardines: Conversations on Abstract Painting, 2009).
[2] Preferência pela tradução do termo empregado originalmente pela artista.
Exposición. 12 nov de 2024 - 09 feb de 2025 / Museo Nacional Thyssen-Bornemisza / Madrid, España