Descripción de la Exposición
IN ABSENTIA segue o rasto dos processos que se encontram por detrás do surgimento de objectos artísticos mentais ou reais. Os três artistas convidados regressam a formas passadas ou relacionadas com este objecto essencial. Os seus pensamentos, experiências, acidentes, desvios e revelações acerca da génese das suas obras tornam visível aquilo que atualmente se encontra ausente ou permanece oculto na forma material do objecto.
Os artistas atribuem muitas camadas de sentido a uma única imagem ou objecto. Através do seu trabalho, torna-se evidente o modo como o objecto resulta de ligações imprevisíveis ocorridas no passado.
Neste sentido, o ponto de partida para a exposição é uma reflexão sobre o processo de criação em si mesmo, e sobre a forma como objectos anteriormente desconhecidos estão constantemente a surgir. Todos os artistas têm uma abordagem conceptual à temporalidade, a questões de coerência espacial e a essência da objectualidade. O seu trabalho induz também uma reflexão sobre "o visível" e como este é experienciado por cada um de nós - como a quintessência do seu passado, e as suas formas históricas e futuras possíveis.
Ao percorrerem retrospectivamente o caminho dos seus próprios pensamentos e a forma como constroem sentidos, os artistas revelam, em última análise, a sua metodologia de trabalho ao espectador. Para a exposição na Galeria Graça Brandão, Ian Kiaer, Paulo Lisboa e Nuno Sousa Vieira irão, por conseguinte, apresentar instalações autónomas.
Recorrente e melancolicamente, os três artistas movimentam-se, para trás e para a frente, entre questões, lugares e estruturas que foram fundamentais para o seu próprio processo de criação. Todo este material, o qual é essencial para a criação de uma obra de arte, permanece oculto na sua aparência física. Torna-se evidente como o objecto é o resultado destas linhas de ideias ligadas a vários campos culturais. A "acção retardada", que Hal Foster identificou como um importante modelo cultural, descreve a recorrência de referências na arte contemporânea desde o início do modernismo. Neste sentido, o significado é construído não de forma linear, mas de modo sequencial. Cada uma das instalações aqui apresentadas faz a crónica da persistência de alguns destes diagramas reiterativos do sentido. Ao mesmo tempo, permite-nos reflectir sobre a forma como a recorrência de preocupações fundamentais pode tornar-se em temas na história da arte.
Estas três instalações pretendem estimular a percepção que o espectador tem das origens imateriais e virtuais de um objecto ou ambiente. A exposição procura também estimular a curiosidade sobre a natureza do objecto artístico. Além disso, coloca a questão de como é que a arte conceptual pode moldar a transformação de um objecto quotidiano no tempo e no espaço. Revela o modus operandi daquilo a que se poderia chamar de objecto artístico pós-conceptual: o facto de que este possui uma agência e a forma específica como esta influencia o espectador.
A "documentação" do objecto artístico, uma metodologia fundamental da arte conceptual, é vista como um processo que tem o poder de revelar a substância criativa que o objecto acumulou ao longo do tempo, e torna-se evidente em cada uma das instalações apresentadas.
Marta Jecu