Descripción de la Exposición
A exposição reunirá obras inéditas do artista Danilo Ribeiro que incluem pinturas em acrílica, aquarelas e guache criadas entre 2023 e 2024 para homenagear a cidade do Rio de Janeiro através de marcos arquitetônicos da cidade.
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A paisagem e os atributos urbanos foram incorporados às práticas artísticas de Danilo Ribeiro como uma releitura visual do que se entende como banal no espaço de uma cidade, como uma espécie de fragmentos visuais de representação de uma realidade vivida. Seduzido pelos acontecimentos do cotidiano, o artista focaliza uma aderência às circunstâncias da cidade do Rio de Janeiro, suas contradições, suas múltiplas e diversificadas atividades, como se estivesse cartografando um espaço já conhecido e reconhecido. Lugares de memória, marcos históricos e antropológicos tornam-se protagonistas dessa cenografia, como um dispositivo plástico para o entendimento da dinâmica do mundo contemporâneo. Danilo traz um outro continente para esse mundo opaco, silencioso, sem estridências, anônimo, despovoado, como se fosse uma estética em repouso. As imagens emergem diante dos nossos olhos, criando um elo coletivo, mescla o que está ali e que foi capturado como se indagasse o seu sentido e a sua direção, alinhando as imagens em um outro possível cenário.
A nova série intitulada Viagem pitoresca ao Rio de Janeiro contemporâneo, iniciada em 2011, testemunha o seu sentido de captura e reflexão pictórica. Os relatos das expedições científicas e dos viajantes naturalistas, sobretudo Thomas Ender, tiveram forte influência no processamento visual das paisagens cariocas vivenciadas pelo artista. Ver com os próprios olhos tornou-se imperioso, assim como a observação cuidadosa das perspectivas e planos que abastecem seu repertorio imagético. Utiliza cores vivazes, acentos cromáticos, céus crepusculares, tons amarelados saturados, enquadramentos fragmentados sem maior preocupação atmosférica, tudo colocado no mesmo plano e que dinamizam as superfícies compositivas como se pintasse diretamente no espaço urbano.
A pontuação da paisagem nos coloca em diferentes situações reflexivas ao manipular uma iconografia na qual o banal e o cotidiano se evidenciam e adquirem uma intensidade plástica. Danilo cria uma narrativa de algo estranho combinado com o familiar, parece evocar um mundo paralelo, espirala o tempo e parece colocar em dúvida os limites entre o real e o ficcional. O antropólogo Claude Lévi-Strauss comenta em seu livro Tristes trópicos que toda paisagem se apresenta, de início, como uma imensa desordem que nos deixa livres para escolhermos o sentido que preferimos atribuir. Ao reorganizar o que sabemos e imaginamos sobre o mundo e acerca de nós mesmos em locais que pavimentam as nossas emoções, Danilo nos direciona para uma perturbadora espacialidade, carregada de um caráter enigmático, cria um jogo composicional como se ali tivesse guardado algo a ser desvelado para traduzir o contrafluxo de vidas ali vividas. A polissemia das áreas urbanas cariocas tem um sentido realista como maneiras de apreensão do mundo que tem a sua própria história e um modo de ver as múltiplas formas de vida que ali coexistem, nesse sistema de representação pictórica, um território duplicado. Um verdadeiro idílio tropical.
Vanda Klabin
curadora / 2024
Exposición. 19 nov de 2024 - 02 mar de 2025 / Museo Nacional del Prado / Madrid, España
Formación. 23 nov de 2024 - 29 nov de 2024 / Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (MNCARS) / Madrid, España