Descripción de la Exposición
Estou no Brasil faz quase duas semanas e faltam duas semanas para a minha primeira exposição na América do Sul. Seria pouco dizer que essa região me deu muito. Eu penso menos em estados-nações, penso mais na noção de “primos regionais”. Nasci pela primeira vez há mais de 40 anos, na Venezuela, um primo regional que faz fronteira com o Norte daqui. Mas eu quero contar sobre um dos meus outros nascimentos – aquele que me levou a ser pintor.
Aos 25 anos, vivendo na cidade de Nova York, estava me sentindo estagnado. O rapper 50 Cent fala melhor sobre isso na letra: “Damn, homie/ In high school you was the man, homie/ The fuck happened to you?” [Foda, mano/ Você era o cara no colegial, mano/ Que porra aconteceu com você?]. Então, aos 25, eu tive que enfrentar a conclusão existencial de que aquilo que eu considerava uma “vida vivida” teve seu auge quando eu tinha 18 anos. Os sonhos que meus pais tinham para mim quando se mudaram para os EUA caíram por terra, e isso me levou a fazer escolhas que deixaram minha vida muito pior do que eles podiam imaginar.
Inspirado pelos meus pais, comprei uma passagem só de ida, decidido a morar na Venezuela. Um dia, eu e alguns amigos resolvemos viajar para o extremo sul do rio Orinoco, talvez até ao Brasil. Eu tirei fotos, olhei para a Amazônia e escrevi na maior parte do tempo que fiquei no barco. O que mais fazia era me perguntar como tinha me perdido. Num dado momento, olhando para as variações de verde – o verde da vida das plantas – ao longo do rio, e como esse verde se agrupava para fins de sobrevivência, eu me dei conta que tinha passado a década anterior em uma tirania de expectativas. Eu não era mais uma pessoa formada a partir de olhares e escolhas atentas. E, aqui no Orinoco, eu iniciei uma “Jornada Norte” e o compromisso de aprender a ser livre.
Esta exposição apresenta a minha aceitação da “Jornada Norte” quinze anos depois, agora que sinto como se estivesse voltado para casa para agradecer. Pinturas de fios que sugerem terras agrícolas vistas a vários quilômetros acima. Uma casa não é um lar – C.S.P. (primos em São Paulo) é uma pintura de quatro painéis que mostra a troca internacional de cultura e migração física que faz uma jornada ao lar. Ela é colocada sobre um tapete feito de cordas náuticas sugerindo noções de arrastamento. A palavra norte pintada com spray em cada lado do trabalho foi inspirada em América Invertida, um desenho feito com caneta e tinta, de 1943, do artista uruguaio Joaquín Torres, que sugere que a verdade do universo está constantemente mudando conforme a Terra gira.
Formación. 01 oct de 2024 - 04 abr de 2025 / PHotoEspaña / Madrid, España