A exposição HIDROLIS constrói-se sobre uma quase possibilidade: uma intervenção inverosímil em Lisboa à grande escala, ocorrida algures na segunda metade do século XX. Os objectos e histórias expostos reflectem sobre a contaminação entre Técnica e Política, o documento enquanto portador da Verdade, e sobre o carácter fragmentário da Memória.

O grupo empresarial HIDROLIS teve origem na Companhia Hidroeléctrica de Lisboa - CHEL, criada em 1945 com o objectivo estratégico de elaborar e gerir o Plano de Aproveitamento Hidroeléctrico dos Vales de Lisboa - PAHVL.

Articulado com os sucessivos Planos Directores Municipais entre 1948 e 1992, o PAHVL previu a construção de barragens em cinco vales de Lisboa, situadas em contexto urbano consolidado. As bacias hidrográficas afluentes do Tejo escolhidas foram a ribeira de Alcântara, o vale da Avenida da Liberdade, o vale ... da Avenida Almirante Reis, o Vale Escuro e o Vale de Chelas.

A construção destas barragens foi executada segundo um plano de 20 anos, começando pelas barragens de Alcântara e de Chelas. As consequências para a História de Lisboa são comparáveis ao episódio de 1755. A par da implantação da NovaLis, uma nova área urbana que terá ficado por construir na periferia da cidade, a interrupção e inundação dos vales perturbou a estrutura urbana consolidada e adaptada à morfologia do terreno, criando uma nova lógica territorial, mudando para sempre a face da Cidade.