A arte de Heimo Zobernig é articulada através dos objetos expostos, da exposição em si e da forma como as obras estão instaladas, o que permite a apropriação dos aspetos arquitetónicos do local de exposição, criando um campo de ambiguidade entre a obra de arte e o sistema expositivo que é necessário para transformar os objetos em arte - sistemas, esses que nas suas exposições se tornam em obras de arte de pleno direito. Apropriando-se dos discursos próprios da arte, expõe as narrativas e posições ideológicas que os suportam e, assim, desestabiliza-os e reinterpreta-os com leveza e economia de meios através de uma metodologia que, com frequência, o público experiencia simultaneamente de modo inquietante, divertido, seco, humorístico e desarmante.
O artista está interessado no que separa a arte do que não é arte, renegociando o significado que se dá à arte em geral, e às exposições em particular, numa prática expositiva...que à importância do objeto acrescenta a importância de como ele é apresentado - trabalha tanto o conceito de escultura como a superfície em que ela é colocada, a pintura na parede como a intervenção arquitetónica que a suporta.
Na sua exposição no espaço Lumiar Cité, Heimo Zobernig intervém na arquitetura do piso superior da galeria, remetendo para o projeto arquitetónico original (2008) concebido, mas nunca executado, pelo arquiteto Marcos Corrales (Espanha) e também para a intervenção que o artista Thomas Mulcaire (África do Sul) realizou neste mesmo espaço (2011). A intervenção de Zobernig é contextualizada com a apresentação de anteriores obras suas em vídeo e escultura e, assim, cruza a história da sua prática artística com a história do espaço expositivo.
Heimo Zobernig (Mauthen, Áustria, 1958) vive e trabalha em Viena. Na sua intensiva atividade expositiva destacam-se participações nos mais importantes eventos internacionais: Bienal de Veneza (2001, 1988); documenta, Kassel (1997, 1992); e Skulptur Projekte Münster (1997). Entre as suas exposições individuais mais recentes destacam-se: Pavilhão da Áustria na Bienal de Veneza (2015); Mudam Luxembourg e Kestnergesellschaft, Hannover (ambas 2014); Kunsthaus Graz (2013); e Palacio de Velázquez/ Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid (2012).
Entrada actualizada el el 23 jun de 2015
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