Descripción de la Exposición
Atestar o vigor de uma linguagem visual na contemporaneidade parece ser uma tarefa que beira o anacrônico. Afinal, em tempos multifacetados, de ambicionada pluralidade e de hipercirculação em variados âmbitos, seria natural que cada medium tivesse suas especificidades transparentes e à mostra sem muito esforço. Contudo, no mundo real e conflagrado, um almejado convívio de suportes (para utilizar uma terminologia hoje não tão usada) na visualidade atual por vezes se assemelha a um dado utópico, outras vezes quase se desenha como improvável. Porém, desejamos resistir e avançar contra o senso comum (que não deixa de espreitar as artes, é bom realçar).
Fragmentos de um discurso pictórico1 também se afirma como uma exposição coletiva que exibe obras de 13 artistas de diversas gerações, pesquisas e abordagens que muito se fundamenta nos atributos que cada trabalho gera de leituras por ele mesmo. E, reunidas neste determinado recorte, tais obras podem provocar situações, elos e relacionamentos que anteriormente não se apresentavam tão facilmente, agora ganhando um novo contexto, outros entornos e mais perspectivas e olhares.
Deve ser frisado também que a curadoria acompanha atentamente não de agora os percursos de Ana Elisa Egreja, Antonio Lee, Cela Luz, David Magila, Eloá Carvalho, Fabio Flaks, Fabio Miguez, Felipe Góes, Giulia Bianchi, João Gonçalves (João GG), Lara Viana, Ricardo van Steen e Sérgio Sister. E, sim, há componentes de afetividade, familiaridade e admiração nas escolhas, sempre carregadas de subjetividade. Uma exposição coletiva também se presta a trocas que escapam do mercadológico e do instantâneo, construindo redes, transformações e contaminações reiteradamente fecundas.
Uma exposição certamente é um testemunho de seu tempo. Assim, um dado pessoal relevante é que, mesmo jovem, foi decisivo acompanhar de alguma maneira a celebrada geração 80, conhecida como a da pintura, mais de perto em seus desdobramentos na década seguinte – período que também a rejeitou com alguma força - e, mais tarde, perceber o diálogo existente entre veteranos daqueles anos e emergentes artistas de um campo ampliado do que ficou conhecido como coletivo 2000 e Oito.“Eu reivindico um estatuto experimental para o meu trabalho”2, argumentava, com razão, Miguez, frente a um preconceito de alguns círculos institucionais em relação ao pictórico, já no ano de 2009.
Hoje, depois de inúmeros acompanhamentos de artistas por muitas regiões do país, júris de editais, salões e iniciativas similares, sem contar a produção que chega dos cursos de artes visuais (dentro e fora do Brasil), não é falacioso dizer que a pintura vive, e bem, em nosso circuito3. Frente ao fotográfico, ao vídeo, ao gráfico, ao performático, ao impresso e aos sem-número de hibridismos entre meios tão desenvolvidos atualmente, a pintura – tradicional, impura, livre, instalativa, selvagem, expandida, de experiências imersivas, digital etc – não deixa de ostentar seu fazer sedutor, em locais tão severos ou caóticos como o ateliê de um artista, em ritmos mais disciplinados ou menos longevos, de maneiras mais ordenadas ou intuitivas, entre pincéis, campos de cor, luz, paletas, pantones, pixels, mãos e mentes.
Exposición. 19 nov de 2024 - 02 mar de 2025 / Museo Nacional del Prado / Madrid, España
Formación. 23 nov de 2024 - 29 nov de 2024 / Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (MNCARS) / Madrid, España