Descripción de la Exposición
Carlos No traz à Galeria Monumental um conjunto de obras criadas entre 2018 e 2022. Na sequência do seus trabalhos anteriores, as obras apresentadas são construídas a partir de objetos e materiais do mundo que nos rodeia. Essas matérias primas podem ser mais ou menos familiares, mas surgem totalmente descontextualizadas do seu ambiente comum. Colchões, cadeiras e mantas ganham vidas insuspeitas em obras como Lanho, Noturno, Pendente, Fratura, Díptico, Anónimos, ou mesmo em Catre. A acompanhá-los, encontramos uma série de objetos resgatados de um mundo industrial e analógico em vias de perder a sua inteligibilidade e desaparecer: gavetas metálicas de arquivadores, auscultadores e fios de telefones, ratoeiras de mola, bastidores, notas de vinte escudos. Transformados em matérias-primas, estes objetos conferem a obras como Enxovia I e III, Rumor, Antónios, Cortina e, de novo, Noturno, uma dimensão arqueológica que enriquece o universo de memórias e conotações simbólicas que também lhes estão associados.
Os trabalhos artísticos assentes na respigagem—transformação—construção—densificação apresentados nesta exposição acumulam em si a força de um combate contra o esquecimento, combate cuja pertinência é ditada pelo presente que vivemos. Carlos No evoca nestas peças tempos dominados pela opressão, pela ausência de liberdade e pela tortura de presos políticos no contexto das ditaduras que ensombraram a Europa e o mundo. Ao mesmo tempo, convoca questões que o ocupam desde sempre: a fragilidade da condição humana, a pobreza, as desigualdades sociais.
O potencial de solidariedade e entreajuda que responde ao esmagamento da privação e da opressão é a dimensão mais solar que esta exposição nos oferece. Mesmo que as metades correspondentes das notas em Antónios não passem de uma possibilidade incumprida, e mesmo que os suportes frágeis que acolhem o mergulho na poesia de Sebastião da Gama nos deixam morrer a quatro dedos do céu, um raio de sol pode sempre iluminar o presente.
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Carlos No brings to Galeria Monumental a set of works created between 2018 and 2022.
Following on from his previous works, the works presented are constructed from objects
and materials from the world around us. These raw materials may be more or less familiar,
but they emerge completely out of context from their common environment. Mattresses,
chairs and blankets gain unsuspected lives in works such as Lanho, Noturno, Pendente,
Fratura, Díptico, Anónimos, or even Catre. Accompanying them, we find a series of objects
rescued from an industrial and analogue world on the verge of losing their intelligibility and
disappearing: file metal drawers, handsets and telephone wires, spring-loaded
mousetraps, wooden sewing hoop, twenty escudos bills. Transformed into raw materials,
these objects give works such as Enxovia I and Enxovia III, Rumor, Antónios, Cortina and,
again, Noturno, an archaeological dimension that enriches the universe of memories and
symbolic connotations that are also associated with them.
The artistic works based on gleaning—transformation—construction—densification
presented in this exhibition accumulate within themselves the strength of a fight against
oblivion, a fight whose pertinence is dictated by the present we live in.
Carlos No evokes in these pieces times dominated by oppression, the lack of freedom and
the torture of political prisoners in the context of dictatorships that overshadowed Europe
and the world. At the same time, he brings up issues that have always occupied him: the
influence of the human condition, poverty, social inequalities.
The potential for solidarity and mutual aid that responds to the crushing of deprivation and
oppression is the most solar dimension that this exhibition offers us. Even if the
corresponding halves of the bills in Antónios are nothing more than an unfulfilled
possibility, and even if the fragile supports that welcome the plunge into Sebastião da
Gama’s poetry leave us dying four fingers from heaven, a ray of sunlight can always
illuminate the present.
Exposición. 13 dic de 2024 - 04 may de 2025 / CAAC - Centro Andaluz de Arte Contemporáneo / Sevilla, España
Formación. 01 oct de 2024 - 04 abr de 2025 / PHotoEspaña / Madrid, España