Exposición en Lisboa, Portugal

Formas e Afectos

Dónde:
Prova de Artista / Tomás Ribeiro, 115 - Lj. 1. 1050-228 / Lisboa, Portugal
Cuándo:
17 feb de 2011 - 15 abr de 2011
Inauguración:
17 feb de 2011
Organizada por:
Artistas participantes:
Descripción de la Exposición

  Estranhos, emergentes, juntos, solitários, inacabados ? todos estes seres podem aproximar-se do mundo dos humanos, procurando multiplicar-se na semelhança entre si e quem visitam. O desenho e a tinta de água reconfiguram neles, nos outros, algumas das diferenças que nos distinguem, mas desvendam sobretudo o que neles é coincidência e cumplicidade.

 

  Estas séries de desenhos, em especial os que mais se integram entre si, não representam os anjos nem ainda os nossos desejados irmãos: eles aparecem como protoplasma de um mundo cego, branco, destituído de realidade ou de sentido ontológico, um espaço inominável, sem fronteiras, nem caminhos, nem a mais pequena semente do desejo ou de alguma antiga flora abatida na memória. Acépticos, talvez carnais sob a sua segunda pele de tecido impalpável, impõem-se cada vez mais à indecisa leitura que fazemos deles, apesar de surgirem mudos, com alguma determinação, amputados ... das mãos incompletas ou sugeridas no vazio aberto aos gestos dos braços, à sua pose articulada, à lassidão da sua queda ao longo dos torsos.

 

  Estas personagens são também ilustrações de ausências, entidades quase sempre sem contexto, como que a viver sucessivos ensaios gerais perante a dinâmica convulsiva dos entes que acharam ? e nós a eles. Como os antigos descobridores em brancas praias primeiro vazias, sem água potável nem esperança. Esses mesmos, portugueses ou espanhóis, que afinal e a breve trecho viram surgir, da cintilação matinal, bandos de homens e mulheres quase integralmente nus, pasmados, juntos na sombra de si mesmos, riscando o espaço com linhas oblíquas, lanças da pesca, avisos aos pássaros, varas musicais, ou varas com vozes finas a cantar aos céus a chegada de prováveis deuses.

 

  Com eles, como sabemos, aprenderam a pressa dos passos, a instrumentalização mortal das suas longas batutas, a fazer lâminas e a cortar o real em volta, lúdicos, depois miméticos e abrasivos, falantes e de grito fácil, talvez abrindo a sua inocência à dureza dos deuses ou à agonia da morte, presos de amor entre datas, olhos comparando-se, mãos afagando-se, corpos de anatomia diferente entrando uns nos outros, debatendo-se pela conjugação do desejo com a violência e a carícia de agrado com a lassidão e o sono tardio.

 

  Vejamos, isto não é mera invenção com base nas sugestões quase ilustrativas do trabalho de José João Assis. Ele mostra dois seres em mancha, ela com a cabeça ligeiramente inclinada, ele desdobrando-se na magia da locomoção. Também vemos outro casal em que a mulher se torna côncava e o homem pende para ela, o enigma abaixo dos rostos, um raro aquecimento de indiciação atrás e acima das figuras achando-se até perto da veemência. E um dia ela virá, no grupo onde os gestos se individualizam, exprimindo a marcha, braços abertos de uma mulher que canta, tudo ondula de frente, vindo ao nosso encontro, como se nos dissessem: chegámos, somos os outros da vossa espera.

 

  Começam os «enlaces, veementes e líricos. Dois corpos vivem a «partilha» de algum objecto ainda indecifrável; ou perguntam, com as mãos dadas «E agora?»

 

  Alguém percebe que a «sombra» aparece no chão quando se «ergue» e o sol cria relações de contraste, a vontade do abraço, a verdade das cores, o derrame das tintas no papel ao alto, nele, enfim, o torso feminino emplumado, ombro erguido, uma flor escarlate no peito difuso, e um rosto feminino expressivo, da sua sensualidade, compacto da memória fotográfica no futuro ou anunciando um cume de formação do ser, desenho dos desenhos todos, fecundação da entrega témula dos corpos, um ser que virá falar a nossas casas, mancha aguada, a sombra máscula depois ou entretanto, «ecce homo», atroador e de pé.

 

  Então, os mosaicos da casa fazem o xadrez do estar, entre paredes opacas, gente no palco aberto para a paisagem, a família à direita, posando para nós, e no chão, a meio do espaço, as irreprimíveis garatujas que antecedem a fala.

 

Rocha de Sousa

(Professor Universitário/Crítico de Arte)

 

 

 

Entrada actualizada el el 26 may de 2016

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