Descripción de la Exposición
Monólogo ou o seu contraditório
A exposição de Cecília Costa (Caldas da Rainha, 1971) intitula-se "Força Fraca". É conhecida a apetência da artista pelo universo científico, mais próximo das matemáticas e assim de uma outra interpretação do mundo, que pode no seu limite expressar uma determinada beleza. Um valor estético. Em muitas das suas obras, esse conhecimento está aparentemente presente numa relação entre arte e ciência que convoca a história humana na progressão do conhecimento, sem contudo ceder à torrente de adventos que a era digital instituiu no nosso quotidiano e desta forma no modus vivendi, termo que contém em si mesmo o seu contraditório. E é nesse aspecto que a obra de Cecília Costa religa a experiência estética, com um importante valor visual, à experiência artística patente nos processos das obras que produz.
O título da exposição reforça esta ligação entre a força representada na transformação das figuras geométricas desenhadas e a representada nas esculturas, que não mimetizam os desenhos, mas materializam essa representação, a qual se autonomiza pelos meios plásticos que a artista trabalha. A "Força Fraca" é então a expressão dessa contradição, que, parecendo uma expressão poética, e tendo também uma raiz na obra da artista, se refere a uma das quatro forças fundamentais da natureza; aquela que, sendo menos visível, transforma sistematicamente o nosso universo sensorial de tal forma que se torna constitutiva da nossa percepção do mundo corpóreo, vertical e assente sobre a matéria-base a que vulgarmente chamamos chão, solo, piso ou ainda outras denominações. E é aqui que a contradição entre os termos, que se correspondem com a expressão modus vivendi, ganha uma presença singular nos desenhos. Um ponto negro, aplicado com firmeza sobre o papel de algodão, é a marca circular de uma barra de óleo que afecta a linha ou a superfície do sólido geométrico desenhado. A expressão da sua força na transformação desses sólidos regulares nem sempre é exercida na vertical, reclamando a gravidade como essa força fraca que pode alterar, enquanto processo artístico, qualquer um dos objectos em direcções e vectores diversos.
Por outro lado, nas esculturas, a mesa é uma referência comum para todos nós, como um plano assente sobre um suporte verticalque a sustém e eleva, para que o nosso corpo reconheça a possibilidade de regular o uso de objectos e exercer uma multiplicidade de funções que nos permite a proximidade com outros sobre uma forma estável. Este objecto, a mesa, é também afectado por essa força, que desequilibra o plano horizontal e o transforma sob um processo irreversível desse jogo de forças em que linha, ponto e plano reconstituem uma nova geografia enquanto escultura.
A prática do desenho e do uso e transformação da linha faz parte do vocabulário da artista, mesmo quando a linha, ou o fio, se sobrepõe ou se solta da folha de papel por distensão ou enovelamento, próximos de uma objectualidade que se apropria do nosso espaço tridimensional. Deste modo, a relação entre estas dimensões sobre o plano da folha, ou sobre a mesa enquanto plano elevado, conduz-nos a observar a obra de Cecília Costa como uma reflexão sobre os fenómenos que nos afectam e sobre a forma como a representação pode reenviar-nos para um universo poético, onde essa fenomenologia sedimenta um imaginário assente em modelos que não se encerram nas disciplinas necessárias à construção do mundo. O seu processo artístico é, para além das questões formais, a necessidade de procurar outras proposições, que na gestualidade da barra de óleo ou na execução de objectos escultóricos denotam e indagam a nossa condição háptica e sensorial.
João Silvério
Abril 2016
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