A imagem da palavra é, para Eugène Green, outra maneira de dizer cinema, como poderia ser também uma fórmula que sintetiza todo o seu percurso como artista. A exposição que agora apresentamos na Casa do Cinema Manoel de Oliveira (e que é, aliás, a primeiríssima mostra da obra de Eugène Green em contexto expositivo) abre pistas sobre a sua produção cinematográfica – sobre os processos de trabalho, os temas mais recorrentes e as posições estéticas e estilísticas que a caracterizam: sobre as suas visões do mundo –, dando a ver a singularidade do universo fílmico criado pelo cineasta.
Focando-se no modo como Green pensa a possibilidade de filmar o invisível e de revelar a manifestação daquilo a que chama "presença real” (da palavra, dos atores, dos lugares, das ideias), esta exposição não descura, igualmente, o modo como o realizador reinventa estratégias formais dos primórdios do cinematógrafo, ao mesmo tempo que...lida com um imaginário que, parecendo extemporâneo, trás à luz muitas das contradições do nosso tempo. A centralidade da palavra, a teatralidade, o questionamento da representação, o neoprimitivismo não são, portanto, as únicas afinidades que o cinema tão desalinhado quanto erudito de Eugène Green mantém com a modernidade paradoxal de Manoel de Oliveira.
Entrada actualizada el el 13 dic de 2021
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