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Estruturas Precárias

Exposición / Paralelo Gallery / Arthur de Azevedo, 986. Pinheiros / São Paulo, Sao Paulo, Brasil
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Cuándo:
23 sep de 2015 - 31 oct de 2015

Inauguración:
23 sep de 2015

Precio:
Entrada gratuita

Comisariada por:
Paulo Gallina

Organizada por:
Paralelo Gallery

Artistas participantes:
Fernando Otero Ferrer
Etiquetas
Arquitectura  Arquitectura en Sao Paulo 

       


Descripción de la Exposición

Um pedaço de madeira, uma foto; restos cotidianos habitam as caixas de Fernando Otero. Pequenas coleções, forjadas ao acaso pelo olhar do artista peruano, capazes de narrar a vida em seu caráter mais ordinário e monótono. A repetição de um ciclo de Sol a Sol: acorda, come, trabalha, satisfaz suas vontades primais, satisfaz algumas vontades culturais e volta a dormir para no próximo dia repetir-se variando quase nada. Há outra história, no entanto, que se pode escavar nessas peças. Réguas articuladas como volume. A simples descrição destas peças do artista peruano Fernando Otero não apresenta sua pesquisa. Ser simples pode ser importante em uma pesquisa imagética: aquilo que se pode reduzir a uma pulsão não cabe dentro das palavras. Assim é a pesquisa artística: um pensamento que não pode ganhar forma em palavra. Como metáfora, a linguagem trabalhada por Fernando está pareada a ambos os conceitos de civilização e barbárie. A civilização pressupõe que os homens são indômitos por natureza. A barbárie pode então ser pensada enquanto ausência de civilidade. Assim, parte relevante do processo civilizatório é limitar a barbárie inerente ao homem. A civilização contém em seu centro a pulsão bárbara, nesta leitura. Uma imagem incapaz de ser transformada em palavra é um conceito indômito, a barbárie inerente ao homem. O material - réguas - é um rudimento projetivo dos profissionais que modelam o espaço. Escultores, arquitetos, engenheiros e pedreiros empunharam régua e esquadro na construção do mundo moderno e contemporâneo. Nesta obra do peruano Fernando Otero, no entanto, estas mesmas réguas - que deveriam servir como pauta e métrica do espaço - são transformadas em arquétipo. A pergunta que fica então é: o que mede o arquétipo de régua? Centímetro? Anos-Luz? Horas? Memórias? Esta resposta é a raiz de Estruturas precárias. Uma exposição cuidadosamente preparada e projetada para conseguir indicar a medida de todas as coisas. Uma ambição antiga reproposta por este artista contemporâneo. Como uma casa, esta exposição tem suas fundações sedimentadas sobre a terra - o mais material dos entes¬ - que continua a se elevar mirando o céu - o mais imaterial dos conceitos. Entre a matéria do mundo e a imaterialidade dos pensamentos, Fernando Otero projeta seres humanos quase invisíveis de tão comuns que são. Cada caixa, cada pintura e cada escultura rememoram pessoas vivas e mortas igualmente. Nunca conheceremos estas pessoas, porque o artista mal as conheceu. Em verdade, aquilo que foram é para esta exposição, tão importante quanto aquilo que são essas pessoas. Para quem as vê, são imagens. "Pessoas? São poucas fotografias aglutinadas a pedaços de pau e livros rasgados.", alguns podem refutar. "Não" é a única resposta possível contra essa afirmação. A singela montagem dessas caixas e as sutis composições trabalhadas pelo artista dentro delas revelam o acuide que projeta narrativa. Esta montagem elabora uma história de vida, a vida mais comum que se pode pensar ou a mais extravagante. Essas pessoas, fotografadas, tornam-se personagens nas peças de Fernando Otero: porque sua pesquisa não está interessada na indiscrição da vida contemporânea exposta voluntariosamente pela internet. A pesquisa deste artista peruano procura entender como a humanidade consegue relacionar-se consigo e com seu entorno. Qual é a medida de todas as coisas? Na arquitetura o artista encontrou a alegoria perfeita para sua pergunta motivadora. "De um lado está o meu trabalho abstrato - geométrico: racional, com espaços definidos, e sempre ligados a um ideal de caráter arquitetônico. A busca de força e definição faz-me suspeito desde cedo sobre a necessidade de um abrigo, uma construção de protetora. (...) Uma vez definido este invólucro de protecção, minha outra linha de produção emerge: coleções de objetos e as histórias que retratam. Agora eles podem finalmente sair do esconderijo, movendo-se de seu casulo, protegido do olhar estranho durante a busca de um lar permanente", o artista comenta. Qual é o instante em que o presente se torna passado? Quando começamos a lidar com a memória e deixamos o presente intacto? Melhor, quando de fato um ser humano atua no presente? Questões, a um só tempo, marginais e centrais na aproximação da obra de Fernando Otero. Marginal porque toda memória que se pode extrair dessas peças é ficcional; e central porque nelas o que o artista constrói são identidades a serem reveladas por quem interpela suas obras. O que mede o arquétipo de uma regra? Qual é a medida de todas as coisas? Não seria o mesmo que perguntar: Qual é a arquitetura do individuo? Ou: O barro queimado desta alvenaria são as memórias, mas o que seria o cimento? Nesta exposição exploramos as relações humanas, a capacidade de espelhar-se em outro ser humano como uma mantenedora das ligações entre os blocos da memória. A outra história sobre ciclos monótonos e ordinários que se repetem dia sim e outro também seria então a miríade de eventos semelhantes, porém essencialmente diferentes, que relacionam os viventes uns aos outros. Sem o contexto esses objetos são simplesmente peças de um mundo sem sentido, barbárie pura. Dentro das caixas de Fernando Otero essa vontade incontrolável ganha arestas - contatos, vida - e retorna à contenção e reflexão crítica do mundo: civilizada. Civilizada, porém contendo em si a gênese de sua barbárie.


Entrada actualizada el el 09 oct de 2015

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