Descripción de la Exposición
No dia 19 de agosto, sexta-feira, a partir das 19h, o Museu Nacional da República apresenta a mostra Estratégias para o Naufrágio: Rumo azul e outras manobras, do artista visual André Santangelo, com curadoria de Renata Azambuja. Instalada na Galeria Mezanino, a exposição traz ao público um recorte da produção de Santangelo realizada entre 2007 e 2022, propondo ao público paisagens com uma gama de sensações de natureza exterior e interior e experimentações das infinitas possibilidades da linguagem visual. A mostra fica em cartaz até o dia 2 de outubro e é realizada com o patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF). O Museu Nacional da República fica na Esplanada dos Ministérios, Brasília-DF. Visitação, de terça a domingo, das 9h às 18h30. A entrada é gratuita e a classificação indicativa é livre para todos os públicos.
A curadora afirma que Santangelo é um artista com um longo percurso. Isso implica em considerar a existência de um extenso processo de experimentação e pesquisa com diferentes meios, linguagens e técnicas. “Em um determinado momento de sua trajetória, em meados da década de 2000, Santangelo chegou a um lugar de suas experimentações que agradaram o seu percurso poético, consistindo em mesclar realidades (imagens) no mesmo plano fotográfico, gerando uma segunda imagem. Essa imagem que surge de outras, torna-se um outro original e, consequentemente, passa a constituir outras histórias, levantando novas situações perceptivas. Nesse processo de montagem, objetos, figuras humanas e flora estão combinados a superfícies que são capturadas, como o chão de terra vermelha, o piso de concreto e a tablatura celeste, todos elementos característicos da capital federal, onde o estado natural das coisas teima em estabelecer pontes com a história da modernidade que instaura a capital para o mundo”, diz a curadora.
Com mais de 20 anos de carreira, André Santangelo desenvolve sua pesquisa de linguagem utilizando-se de diversas técnicas, como a fotografia, a pintura, a instalação, o desenho e o objeto. Por meio da foto fusão, funde duas imagens para criar mundos imagéticos muito próximos a uma realidade reconhecível pelo olhar. Santangelo comenta que a exposição mostra o princípio do uso das cores em sua obra fotográfica e traz um conjunto de obras azuis. Entre as séries, está “Estratégias para naufrágios”, que nasceu em meados de 2010.
“Dentro e no entorno do ateliê, vários materiais se acumularam, muitos utilizados em instalações. A sensação é que a casa-ateliê é uma ilha, e esses materiais eram restos de viagens, restos de naufrágios”, diz o artista. No processo de registrá-los em perspectiva diariamente, seguiu-se a estratégia de fotografar as nuvens e logo, em sequência, foto montar. Esse processo levou à série intitulada “Notas sobre naufrágios”, produzida para uma exposição em Lisboa em 2011. Tal relação com o mar, nuvens e chuva desencadeou outra série de pinturas a óleo em pequeno formato - predominantemente brancas, lilás e azuis que foram fotografadas e fundidas às nuvens, criando um outro lugar entre a fotografia e a pintura, desembarcando na série “Estratégias para Naufrágios”, realizada 2013, e em outras como “Ponto de Carena”, entre 2015 e 2017. Com a pandemia, suas experimentações o levaram à cianotipia, reforçando o trabalho analógico produzido em ateliê, juntamente com fotos preto e branco, quimigramas, lumen print e antotipia.
A cianotipia ou “blue print” é a primeira técnica de reprodução fotográfica em escala, descoberta pelo astrônomo John Herschel e utilizada pela botânica inglesa Anna Atkins na sua obra “Photographs of British Algae: Cyanotype Impressions”, de 1843. “Usar essa antiga técnica de produção e reprodução de imagem nesse momento, quando 3 bilhões de imagens são compartilhadas por dia e o volume de imagens acessadas no mundo é tão grande quanto o próprio registro da história da fotografia, não é à toa. Estamos em um momento de reflexão sobre o nosso presente, o nosso passado e o nosso futuro. A cianotipia acontece na sequência de um longo processo, um retarde, assim como dizia Duchamp para a pintura. Um conjunto de precisões e imprecisões, como o nosso dia a dia. O resultado da série em cianotipia que será mostrada no Museu Nacional navega entre dois rios: um deles nos leva a figurações que se apresentam como força da criação. E a segunda, um diálogo entre presença e ausência entre duas cidades”, afirma Santangelo.
O artista apresenta, ainda, a série “Onde nasce a paisagem", um díptico de 140cmx280cm em que na parte de baixo da imagem é uma fotografia macro de um incensário onde a fumaça se funde às nuvens de um céu de fim de tarde. “Algo sobre a matéria que se desfaz e que se transforma”, comenta Santangelo. O grande círculo com mais de 200 fotografias de 10cmx10cm compõem uma linha do tempo circular em que as séries fotográficas são organizadas pela data de criação de dentro para fora, demonstrando conexões entre elas. A seguir, uma parede com a série "Somos" produzida na Índia em 2007, onde traz pela primeira vez um estudo com efeito em cores para fotos em preto e branco.
Desde 2021, artista e curadora têm se encontrado para dialogar sobre as possibilidades de abordagens relacionadas à produção existente do artista, haja vista ter a exposição um caráter retrospectivo. Foram realizados alguns encontros para levantar interesses do artista, selecionar imagens, definir montagem e conversar sobre conceitos. Renata Azambuja ressalta que estabelece parâmetros de curadoria baseada na escuta e no diálogo junto ao artista e que, aliados à sua experiência como curadora e aos desejos do artista, foram costurando ideias e conceitos para alcançar uma proposta inicial da mostra apresentada ao FAC-DF “Para além do olhar voltado ao conjunto extensivo da produção de Santangelo, optou-se por fazer um recorte do grupo de imagens a partir do conjunto originário. Também foram incorporadas à proposta da exposição um conjunto de produções que o artista vem realizando em cianotipia”, diz a curadora. “Levou-se em consideração os termos que estavam no título do projeto que, denominado como Estratégias para o Naufrágios, leva-nos a refletir sobre a navegação, sobre o céu e o mar, sobre modos de viver os fluxos, e essa linha de pensamento desenvolveu-se rumo a um recorte que se configurasse a partir desses elementos, presentes de diversas maneiras no corpo de trabalhos do artista”, completa a curadora.
Conversa e catálogo
Com data a ainda a definir, durante o período da mostra será realizada uma conversa entre o artista e a curadora, aberta ao público. Perto do encerramento, será lançado o catálogo da exposição, com imagens das obras e da exposição montada, além de texto curatorial e uma entrevista da curadora com o artista. Datas, horários e como participar serão informados pelo Instagram do artista @andre.santangelo.art.
Sobre o artista
André Santangelo realiza suas primeiras exposições ainda jovem ao apresentar fotografias, desenhos e pinturas. Estudou na Escola de Artes Visuais Parque Lage (RJ) e na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes (DF) e é pós-graduando em História da Arte. A partir de 1999, apresenta diversas instalações e intervenções urbanas aliadas a uma prática diária em ateliê, onde produz continuamente, desenhos, pinturas, fotografias, textos, fotomontagens, áudios, vídeos e videoinstalações.
No exercício diário, busca juntar técnicas diversas e recriá-las para gerar novas imagens, áudios, instalações e situações únicas pertencentes ao seu universo particular e metafórico. Estratégias poéticas como dentro e fora, micro e macro e a água em seus infinitos estados estão presentes em sua trajetória. Em suas séries fotográficas, Santangelo cria imagens a partir de dois registros fotográficos sobrepostos. Em geral uma perspectiva de perto, macro, que traz a sensação de proximidade em um jogo com o segundo registro que leva o espectador a se perder entre nuvens e formas. O resultado de suas belas e intrigantes imagens dificilmente se dá na forma direta de um único registro, que passa por processos internos e externos ao artista, aflorando em séries como: “onde nasce a paisagem”, “navego-me”, “sobre retiros e ausências”, “enquanto não acontece”, “te-vejo”, “enquanto medito azul”, “estratégias para naufrágios”, “paisagem desgarrada” entre tantas outras.
Sobre a curadora
Renata Azambuja é historiadora da arte, curadora e arte-educadora. Licenciada em Artes Plásticas pela UnB, Mestre em Teoria e História da Arte Moderna e Contemporânea pelo City College/City University of New York e doutora em Teoria e História da Arte pela UnB, realizando uma pesquisa em torno dos modos de produção de conhecimento da curadoria, tendo a residência como foco. É professora da SEEDF desenvolvendo, atualmente, ações sobre Educação Patrimonial nos Territórios Culturais.
Sobre o Museu Nacional da República
O Museu Nacional da República, localizado em Brasília, foi inaugurado no ano de 2006 e é administrado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal. O Museu realiza exposições temporárias de artes visuais e cultura visual de relevância nacional no campo das artes e da cultura visual. Pautado pela liberdade de expressão, o Museu visa ainda, abrigar propostas de experimentação curatorial e produções artísticas contemporâneas diversificadas, com vistas no seu fomento, pesquisa, difusão e facilitação de seu acesso.
Exposición. 12 nov de 2024 - 09 feb de 2025 / Museo Nacional Thyssen-Bornemisza / Madrid, España