Descripción de la Exposición
Serão exibidos trabalhos inéditos da artista Luiza Baldan (Rio, 1980), resultantes de intensa pesquisa de quase um ano navegando na Baía de Guanabara.Estarão na exposição fotogravuras e suas matrizes, uma videoinstalação, uma carta náutica e um texto da artista.
“Estofo”, que na linguagem náutica significa intervalo de tempo onde não há corrente de maré, é o desdobramento do projeto “Derivadores”, publicação editada pela Automatica Edições, feito em 2016 em parceria com o artista Jonas Arrabal, dentro da bolsa “Viva a Arte!” (Secretaria Municipal de Cultura), com o apoio da empresa Prooceano e do Projeto Grael.
Luiza Baldan iniciou sua trajetória em 2002, e poucos anos depois já era reconhecida na cena contemporânea. Em 2009, fez uma residência no Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes (conhecido como Pedregulho), projetado por Affonso Eduardo Reidy (1909-1964), e desde então seus trabalhos envolvem deslocamentos e imersões em residências temporárias diversas. A partir de 2014, com o projeto “Perabé”, realizado entre São Paulo e Santos, seus projetos passaram a ter longa duração.
No grande espaço térreo da galeria estarão 22 matrizes de fotopolímero, com formato de 27cm x 39,5cm, feitas a partir dos registros fotográficos da artista em câmeras analógicas e celular durante suas incursões pela Baía de Guanabara. As matrizes foram produzidas no Estúdio Baren, junto com João Sánchez. Em outra parede, o público verá instalado um texto de Luiza Baldan escrito ao longo da realização do projeto.
No segundo andar ficará a videoinstalação “Suspiro” (2017, HD, p/b, áudio em 8 canais). Luiza Baldan captou som e imagem do detalhe de um dos pilares da ponte Rio-Niterói, por onde se percebe o movimento das águas dentro da estrutura oca. “Através desses furos, o pilar respira”, destaca a artista. Para este trabalho, ela contou com a câmera de David Pacheco e tratamento de áudio de Nico Espinoza. Na outra parede, ficará uma carta náutica dos terminais da Baía de Guanabara.
UMA PROFUNDA IMERSÃO, UM MERGULHO, SEM NUNCA TER ENFIADO O CORPO INTEIRO N’ÁGUA
O contato de Luiza Baldan com a Baía de Guanabara foi poético, e seu interesse abrangeu também sua história, porta de entrada da cidade pelos descobridores portugueses, e o fato de estar presente “na vida de todos, embora talvez sem que tenham noção desta grandeza”. A artista fez “uma profunda imersão, um mergulho, sem nunca ter enfiado o corpo inteiro n’água”.
Luiza Baldan navegou pela Baía durante mais de nove meses, a maior parte deles duas vezes por semana, a bordo de um barco com uma equipe que monitora o lixo flutuante. Na primeira etapa do projeto, ela e o artista Jonas Arrabal transformaram um derivador, artefato científico usado para o estudo do comportamento das correntes marítimas, em uma câmera pinhole, para fotografar a deriva na Baía de Guanabara.
O projeto “Estofo” é um desdobramento desta pesquisa, uma consequência da observação nos deslocamentos frequentes da artista pela Baía - orla da Urca, Aterro até os portos, cruzando a ponte até a Ilha do Governador, praia do Galeão e canal de Ramos; orla de Niterói até a boca da Baía de volta à Urca - em que percorreu a Baía em toda a sua extensão, incluindo a área que margeia Magé, a APA de Guapimirim, além de diversas ilhas, como Jurubaíba, Paquetá e Pombeba.
Ela conta que “foi um privilégio estar na Baía de Guanabara, fora do roteiro habitual das barcas”. “Chorei, quando vi o Rio Macacu desembocar na Baía”, lembra. Luiza Baldan conta que a segunda vez que chorou, por razões opostas, foi quando entrou na Ilha de Pombeba, em frente à região portuária, onde encontrou “uma grande concentração de lixo, tanto o carregado pelas marés quanto o depositado pela a extração de metal pesado”.
Formación. 01 oct de 2024 - 04 abr de 2025 / PHotoEspaña / Madrid, España