Descripción de la Exposición
A Pinakotheke Cultural abre a partir de 14 de junho de 2019 para o público a exposição “Estética de uma amizade – Alfredo Volpi (1896-1988) e Bruno Giorgi (1905-1993)”, com mais de 130 obras, em sua grande parte inédita, que narram a longeva e afetiva convivência dos dois artistas, que perdurou por 52 anos. Com curadoria de Max Perlingeiro, da Pinakotheke, e de Pedro Mastrobuono, do Instituto Volpi de Arte Moderna, a ideia da exposição vem sendo desenvolvida há dez anos, e pode ser materializada a partir dos longos depoimentos de Leontina Ribeiro Giorgi, viúva de Bruno, dados aos dois curadores. Ela abriu arquivos e “contou fatos históricos e pessoais, sendo uma memória viva dos dois artistas”, relata Max Perlingeiro. A exposição é acompanhada de um livro com capa dura, 228 páginas e formato de 22cm x 27cm, com imagens das obras e textos do crítico Rodrigo Naves, do psicanalista David Léo Levisky, de Mário de Andrade (excerto do texto escrito em 1944 e publicado na “Revista Acadêmica”, em 1945), e de Max Perlingeiro.
O critério de seleção das obras, todas pertencentes a acervos privados, buscou pontuar a amizade dos dois grandes artistas, iniciada em 1936, quando Bruno Giorgi retornou brevemente ao Brasil, durante sua estada na Itália e França. Em 1939, na volta definitiva de Bruno ao país, a amizade se aprofundou, e daí em diante foram inseparáveis. Além das conversas no edifício Santa Helena, em São Paulo, onde tinham ateliê, às exposições que iam juntos, os saraus, as discussões artísticas, os dois foram irmãos “por escolha”, e Volpi sempre tinha um quarto cativo nas residências de Bruno, que em 1946 se mudou para o Rio de Janeiro, e frequentemente passava períodos na Itália para a produção de suas esculturas. Em 1943, Bruno Giorgi, junto com Sérgio Milliet (1898-1966), foi padrinho do casamento de Volpi com Benedita Maria da Conceição, chamada por Volpi de “Judite”.
“Historicamente, a amizade entre artistas sempre foi objeto de estudo de grandes pesquisadores”, observa Max Perlingeiro. “No Brasil, a longa e duradoura amizade entre artistas foi, sem dúvida nenhuma, entre Volpi e Bruno Giorgi. Ambos se originavam da mesma região na Itália, a Toscana – uma montanha dividia suas famílias. Com personalidades muito diferentes, Volpi e Bruno tinham as mesmas paixões e conviveram por mais de 50 anos até a morte de Volpi, em 1988”, conta.
PERCURSO NA EXPOSIÇÃO
Ao entrar na exposição, o público é recebido pela escultura “Cabeça de Alfredo Volpi” (1942), de Bruno Giorgi, junto da pintura “Sem Título (Retrato de Bruno Giorgi, década de 1940)”, de Volpi.
Na primeira sala, estarão seis paisagens de Volpi e de Bruno, e conjunto de obras – esculturas e pinturas – dedicadas às “Mulheres”, feita pelos dois artistas. Ali ficarão os retratos de Leontina e da artista Eleonore Koch (1926-2018), rara aluna de Volpi, e que a partir de 1947 passou a frequentar também o ateliê de Bruno Giorgi no Rio de Janeiro, onde hoje é o Hospital Pinel, na Urca. Na parede ao fundo da sala estará a pintura de grande formato “Sem Título (Retrato de Judite, 1949)”, de Volpi, e um conjunto de nus femininos, de Bruno, em desenhos, aquarelas e esculturas.
Na segunda sala o público verá uma grande coleção de pinturas de Volpi dos anos 1950 a 1970, que ocuparão três paredes, além de dois conjuntos de esculturas de Bruno: as “espectrais”, termo cunhado pelo filósofo alemão Max Bense (1910-1990), e as “maquetes” das obras de grande formato do artista. Estarão também as esculturas de Bruno como “Capoeira” (década de 1940) e as produzidas para Brasília, como “Meteoro”, “Candangos” e o “Estudo para o Monumento à Cultura”, todas da década de 1960. Na parede de fundo estará a pintura de grande formato “Sem Título (Estudo para o mural Dom Bosco”, Brasília, da década de 1960, de Volpi. Nesta sala haverá ainda uma vitrine com documentos, fotografias, e joias criadas por Bruno Giorgi nos anos 1970 e 1980.
Na terceira sala estarão as obras “Afetivas”, como as dedicadas à Santa Maria Egipcíaca feitas pelos dois artistas: a pintura em 1963 têmpera sobre tela “Sem título”, (c. 1961), com 107cm x 54cm, de Volpi, pertencente ao diplomata Edgard Telles Ribeiro (1944), e o desenho “Santa Maria Egipcíaca” (fim da década de 1960), em caneta hidrográfica sobre papel, feita pro Bruno. A história que envolve esses dois trabalhos se origina na visão oposta que cada um dos artistas teve sobre a santa. Em um sarau literário na casa de Bruno Giorgi, sua amiga e vizinha Maria Telles Ribeiro recita “Balada de Santa Maria Egipcíaca”, do livro “Poesias completas”, de Manuel Bandeira (1886-1968), então em recente edição de 1951. A partir de então, os dois artistas discutiam acaloradamente sobre o episódio narrado, em que a santa teria que cruzar um rio para chegar a Jerusalém e para isso pagou ao barqueiro com sua virgindade. Para Volpi, sua pureza permanecia intacta, posto que como santa seu corpo não importava, diante de sua missão espiritual. Para Bruno, era inaceitável a santa ter vendido seu corpo. O resultado das diferentes visões pode ser visto nas duas pinturas.
Nesta sala estarão também o estudo de Volpi de uma tapeçaria para a casa de Bruno, e a pintura “Sem título” (década de 1970), feita a seis mãos por Volpi, Bruno e Décio Vieira (1922-1988); e o desenho feito por Bruno de seu amigo Volpi, em sua última visita ao amigo, já extremamente debilitado.
Dois documentários com depoimentos dos dois artistas, editados com as obras da exposição, estarão em looping neste espaço.
UM ERA A ÂNCORA DO OUTRO
Embora oriundos da mesma região na Itália, os dois artistas possuíam diferentes formações e status social. O psiquiatra David Léo Levisky salienta que “Bruno era um homem cosmopolita. Muito viajado. Era erudito e gostava de poesias e literatura. Desde pequeno, sua mãe costumava levá-lo ao teatro, onde desenvolveu seu amor pela música. Contudo, seu trabalho estava sempre em primeiro lugar, seguido do interesse pela política e pela cultura”. Ele acrescenta: “Já Volpi não possuía erudição, mas gostava de ouvir Bruno declamar poesias, preferindo aquelas escritas por São Francisco de Assis. Quais as origens da profunda generosidade de Volpi, uma alma portadora de uma religiosidade intrínseca na busca do bem? Entre Alfredo e Bruno, um representava uma âncora para o outro”. “Volpi aparentava pouca preocupação quanto ao futuro de sua obra artística e acreditava que não teria o mesmo reconhecimento público de Bruno. Justificava seu modo de pensar com o fato de seus quadros ficarem no interior das residências de seus colecionadores, enquanto as esculturas de Bruno eram obras públicas, expostas em áreas abertas de cidades importantes, tanto no Brasil quanto no exterior”.
O crítico Rodrigo Naves destaca que “essa aura de simplicidade contribuiu para que muitos críticos e escritores sublinhassem a pureza pessoal e artística e a dimensão intuitiva de Volpi”. Entretanto, o crítico chama a atenção para o fato de que poucos artistas brasileiros dispuseram de um meio cultural tão rico quanto ele, um meio cultural moderno, feito de convivência e diálogo, e não algo acadêmico e protocolar, ainda que esse ambiente cultural tivesse muitas limitações. Desconsiderar essa realidade significaria identificar em sua pintura uma singeleza que sem dúvida rebaixa a complexidade e os dilemas que ela contém”. Naves lembra um depoimento de Bruno Giorgi, em 1979, em que relata “ter levado, em 1937, Mário de Andrade – um dos intelectuais paulistas mais preparados do período – e Sérgio Milliet ao ateliê de Volpi e ambos ‘ficaram maravilhados’”.
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