Descripción de la Exposición
Os trabalhos que Fábio Leão apresenta na exposição “Estado de Exceção” mostram uma surpreendente guinada política na sua pesquisa. Para quem já conhece o trabalho de Fábio, sabe que sua curiosidade sempre esteve em explorar o mundo que o cercava. Assim, inicialmente, interessava-se pelos objetos mais próximos, encontrados em seu próprio ateliê: ferramentas e utensílios que manejava cotidianamente. Depois, sua obra avançou para uma investigação ambiental: obras feitas especificamente para determinados espaços e, mais do que isso, a partir deles. Tanto no caso dos primeiros trabalhos quanto no caso das obras site specific, chamava a atenção seu procedimento conciso. Basicamente, realizava monotipias cujas matrizes eram os próprios objetos ou fragmentos da arquitetura do local. Recusando, de certa forma, qualquer tipo de ilusionismo, ele transportava objetos e ambientes para uma superfície bidimensional. O artista criava, assim, novas versões, planas, daquilo que conhecíamos como tridimensional. Essas “novas versões” das coisas e dos lugares tinham a capacidade de transformar o banal – uma lixeira, um martelo ou ainda a sala de um museu – em imagens estranhas. Levava tempo para decodificá-las porque, de certa forma, estávamos diante de sua sombra. E era por meio dessa sombra, dessa imagem em preto e branco, que voltávamos aos objetos com calma e atenção percebendo sua presença com mais acuidade.
Se me demoro um tanto refletindo aqui sobre trabalhos anteriores é porque, ao lado da evidente denúncia que os trabalhos atuais pretendem, eles colocam uma pergunta sobre aquilo que é visível ou, antes, são um convite a ver melhor certas situações. Esses trabalhos novos – que aqui reunidos sob o título de “Estado de exceção”, apresentam-se como uma compilação dos horrores a que cotidianamente estamos expostos – endereçam-se claramente a problemas sociais candentes: as condições de vida dos refugiados e dos habitantes de grandes centros urbanos em países pobres e os desastres ecológicos para ficarmos nos principais.
Em “Às vezes as palavras são fronteiras”, um grande desenho, vemos uma cidade em ruínas, devastada pela guerra. Entremeando o desenho, depoimentos de refugiados que vieram para o Brasil buscando uma vida melhor podem ser lidos, como se fossem também pichações em muros e palavras de protesto e denúncia. Também sobre a questão das fronteiras, o trabalho “Grade Inútil” conjuga um vocabulário urbano – o dos portões com lanças perfurantes – com a impossibilidade de impedir a passagem e conter fluxos migratórios.
Exposición. 31 oct de 2024 - 09 feb de 2025 / Artium - Centro Museo Vasco de Arte Contemporáneo / Vitoria-Gasteiz, Álava, España