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Espelho

Exposición / Fonseca Macedo [ESPACIO CERRADO] / Rua Manuel Augusto Amaral / Ponta Delgada, Azores, Portugal
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Cuándo:
07 oct de 2021 - 27 nov de 2021

Inauguración:
07 oct de 2021 / 18h30

Precio:
Entrada gratuita

Organizada por:
Fonseca Macedo

Artistas participantes:
Isabel Madureira Andrade

ENLACES OFICIALES
Web 
Etiquetas
Abstracción geométrica  Abstracción geométrica en Azores  Abstracto  Abstracto en Azores  Geométrico  Geométrico en Azores  Pintura  Pintura en Azores 

       


Descripción de la Exposición

um outro espelho O título da exposição é, num mesmo tempo, uma alusão à pintura, enquanto processo de representação, e à metodologia da sua construção. Isabel Madureira Andrade coloca-nos perante imagens pictóricas abstractas, geométricas e potenciadoras de composições simétricas. E é neste acto em potência, que só se verifica pelo tempo que o espectador dedica à sua observação, que a repetição de padrões, matrizes, simetrias incompletas, grelhas diagonais, ou elípticas se confirma. As pinturas inscrevem a presença do desenho, porque são um conjunto de acções físicas e plásticas trabalhadas sob uma paleta cromática em que a sobreposição e duplicação de planos e a expressão das linhas criam zonas de profundidade e de relevo. Esta ideia de espelhamento, de reflexão do outro, é nestas obras uma dialética interna que ocorre nos limites do suporte mas que o ultrapassa enquanto estímulo visual, duração no tempo que cada sujeito intui e reconfiguração do olhar: deste modo, a superfície da pintura absorve-nos para o seu interior, sem resgatar a nossa imagem em prol de uma composição que se refaz e se espelha em si mesma continuamente. O processo de trabalho da artista incorpora sempre uma imagem preexistente, como um fragmento da memória que pertence ao atelier, aos modelos da sua pesquisa, ao estudo e à liberdade de construir e desconstruir sistemas visuais em que o desenho adquire uma particular importância. Por vezes são imagens de um quotidiano comum, vernáculo, que se vão transformando por um processo de síntese e de austera economia visual em geometrias simples que a sua duplicação vai sedimentando em construções mais complexas, abandonando a referência original para se tornar num processo serial, e aparentemente formal, no interior da obra. Neste processo, a pintura é então uma construção que se inicia como um acto escultórico, um espaço iniciático onde a artista desenha um relevo que estrutura a composição em cordel de algodão sobre a parede. É sobre esta matriz, em relevo, que a tela vai receber a acção do corpo pela frottage, que institui num primeiro momento a estrutura do desenho, ao qual se sucede o assentamento de uma primeira camada de tinta acrílica sobre a tela e, sobre esta, a pintura a óleo, observando uma ordem de resistência dos materiais, e deste modo um prolongamento da acção do corpo da artista, física, mas controlada até ao limite do desaparecimento desse gesto originário que se replica, mas do qual nada sabemos. A pintura reenvia-nos para um registo de outros registos, sendo de novo memória de uma prática que procura incessantemente respostas sobre o acto, a corporalidade no labor da pintura e a reflexão sobre esta prática no encontro com o Outro, que vê e que sente. Neste aspecto, Isabel Madureira Andrade desenvolve o seu trabalho na linhagem de outros artistas com semelhantes preocupações e procedimentos seriais e experimentais, como Ad Reinhardt, Andy Warhol (numa instalação serial de grandes dimensões, muito específica, intitulada “Shadows”), ou ainda Brice Marden, no que se refere ao entendimento e pertinente reflexão deste sobre a sua pintura: “The paintings are made in a highly subjective state within Spartan limitations. Within these strict confines, confines I have painted myself into and intend to explore with no regrets, I try to give the viewer something to which he will react subjectively. I believe these are highly emotional paintings not to be admired for any technical or intellectual reason but to be felt. (1963) [1]”. As pinturas da artista lançam, assim, um repto à história da arte, ao estatuto da imagem enquanto pintura e a uma temporalidade que recoloca o observador na presença destas. Entre formatos diferenciados, seja na dimensão, na composição em tríptico ou individualmente, as pinturas revelam-se como um momento transitório, a ter continuidade para além desta exposição. São talvez um outro espelho que se resolve na universalidade de cada sujeito, espelhadanos matizes e na fluidez da composição. João Silvério Setembro 2021 ____________ [1]Brice Marden, “Statements, Notes and Interviews (1963-81)”, Theories and Documents of Contemporary Art, A Sourcebook of Artists’ Writings, University of California Press, Berkeley and Los Angeles, 1996, p. 138.


Entrada actualizada el el 19 oct de 2021

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