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Escultura Cega

Exposición / Marilia Razuk - Sala 1 / Rua Jerônimo da Veiga, 131 / São Paulo, Sao Paulo, Brasil
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Cuándo:
18 mar de 2023 - 06 jun de 2023

Inauguración:
18 mar de 2023

Horario:
De lunes a viernes de 10:30 a 19:00 h., sábados de 11 a 16 h.

Precio:
Entrada gratuita

Organizada por:
Marilia Razuk

Artistas participantes:
Zé Carlos Garcia

       


Descripción de la Exposición

A forte influência das alegorias das escolas de samba do carnaval do Rio de Janeiro, a paisagem do Nordeste, o hibridismo de matrizes diversas e a sustentabilidade permeiam as obras do aracajuense Zé Carlos Garcia, que trabalhou como escultor por dezesseis anos no universo carnavalesco ao lado de personalidades como Joãosinho 30. A exposição Escultura Cega, em cartaz na Galeria Marilia Razuk - que no ano passado completou 30 anos de atuação no mercado - a partir do dia 18 de março, apresenta trabalhos inéditos do artista, com madeira oriunda de poda urbana, fragmentos de mobiliários antigos e manejo florestal, além de materiais como penas e pedras. O trabalho de Zé Carlos é resultado de um amálgama cultural, da mestiçagem de povos que forjam o que temos por Brasil. Seus objetos e traços remetem a elementos da religiosidade de matriz africana, à cultura indígena e ao colonial português – como os desenhos entalhados em “Chorando Pitangas” –, esse último, um verdadeiro alfabeto urbano, presente nos ornamentos das casas do sertão nordestino, ou em cenários que podem servir de suportes de pichações nas grandes cidades. Referências como o caranguejo, típico da feira do mercado municipal, nos bares e restaurantes e em representações de Aracaju, capital de Sergipe, também podem ser conferidas nas obras, assim como formas e demais elementos que remetem à região. “A obra do Zé é um hibridismo de matrizes diversas, e não só culturais. Hibridismo entre o barroco e a cultura vernacular de artesãos, ou entre ancestralidades africanas e indígenas. Existem ali também cruzamentos de outras sorte, entre animais e objetos, quando vemos esculturas de madeira cujas partes lembram aves, ovos, trazem penas e, ao mesmo tempo, têm pés de mobiliário moderno. Ele preserva mistérios e ambiguidades, provoca dúvidas, mostra-se sintético, simples - principalmente as peças de parede que estarão nesta próxima exposição -, cheio de elementos ‘incompletos’ e, nisso, meio silencioso também”, analisa José Augusto Ribeiro, Diretor de Projetos Especiais da Galeria Marilia Razuk. "A escultura por si só é sempre cega. Ao mesmo tempo que algumas peças parecem de alguma forma observar, na verdade só quem vê é o espectador. E tudo o que este espectador vê, pode ser pura criação, algo que só é possível ser observado dentro do universo próprio de cada um. E cada uma dessas leituras é efetivamente possível. Afinal, como somos um país miscigenado, cada escultura terá um pouco de quem a vê”, explica o artista. “Procurei lançar mão de uma artesania elevada em máxima potência, usando principalmente machado, facas e goivas para a confecção das peças. Onde cada golpe, cada esforço físico feito, me desperta para saber o caminho que vou seguir no trabalho para que ele não fuja simplesmente em um automatismo psíquico. E é essa eterna luta - ou dança - no fazer, que acabo encontrando o equilíbrio entre a forma e o pensamento”,complementa Garcia. Um extenso trabalho de pesquisa com madeira realizado na última década é refletido nas suas criações. O material proveniente de poda urbana foi recolhido junto ao serviço municipal de manutenção, que descarta troncos e peças de árvores, resultantes dos manejos ambientais das espécies plantadas nas ruas da cidade doRio de Janeiro. O mobiliário garimpado também seria descartado. Além disso, Zé Carlos mantém há dez anos um sítio na região serrana do Rio. Inserido dentro da Área de Proteção Ambiental, o local foi, em passado recente, zona de exploração agrícola bastante desmatada. Desde que o adquiriu, o artista instaurou um plano de manejo que, dentre outras ações, provê a retirada das espécies invasoras e sua substituição por espécies nativas da Mata Atlântica. A madeira de árvores removidas com o manejo é tratada e utilizada como matéria-prima para seu trabalho. Essas árvores são, principalmente, o pinus (Pinus elliottii) e o eucalipto (Eucalyptus globulus), não originárias da América do Sul e extremamente nocivas ao solo do bioma local. Com a retirada de espécies exóticas para a produção e obras de arte e o plantio de espécies locais, apareceram os primeiros resultados: o ressurgimento de duas nascentes d’água há tempos extintas. Sobre o artista Nascido em Aracaju (SE) em 1973, Zé Carlos Garcia vive no Rio de Janeiro, onde graduou-se na Escola de Belas Artes da UFRJ e frequentou a Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Foi finalista do prêmio Pipa em2018 e suas obras, esculturas que mesclam elementos como madeira, penas, pedras e crinas de cavalos, estão nas coleções do Instituto Inhotim (Brumadinho, MG), Museu de Arte do Rio – MAR (Rio de Janeiro) e no Museu São Pedro (Itu, SP), além de integrarem o acervo de importantes colecionadores brasileiros.


Entrada actualizada el el 18 may de 2023

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