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Nos últimos nove anos Renato Valle desenvolveu projetos em pintura, fotografia, gravura, desenho e atualmente desenvolve uma pesquisa em suportes tridimensionais (esculturas e objetos) no Centro de Artes e Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco, este último apoiado pelo FUNCULTURA. Durante esses anos - até o início do projeto de pesquisa citado anteriormente, o desenho foi o foco principal dos trabalhos que realizou. Além disso, produziu algumas dezenas de pinturas em atelier, porém o grande envolvimento com propostas específicas como as séries Grades de Caminhões, Cristos Anônimos e DIÁLOGOS, que contaram com algum tipo de financiamento (ver anexos), fez com que muitas dessas telas fossem feitas de maneira esporádica, sem sistematização, ora surgindo como necessidade de exercitar a cor, ora por encomenda de galerias que tinham e ainda tem dificuldade em comercializar as obras que resultaram ... dos seus projetos. Exercícios e encomendas não são por si só, fatores geradores de incômodo, pois sempre estiveram intrinsecamente ligados a produção artística e a sobrevivência dos artista. Entretanto, o grau de envolvimento de Renato com uma obra ou uma série sempre foi fator decisivo para a qualidade do seu trabalho e a pressão de galeristas e arquitetos para fazer algo que estava distante dos processos desenvolvidos nas suas pesquisas, torna claro que a sua retomada da pintura deveria vir através de um projeto específico. A partir de um dano que ocorreu na última tela encomendada por uma galeria (ver escrito sobre tela em CD anexo), o artista decidiu fazer uma revisão biográfica dom seu trabalho intervindo com escritos sobre telas de vários períodos, problematizando essas questões e escrevendo sobre elas com o objetivo de observar o que o leva a não se reconhecer (total ou parcialmente) em determinados trabalhos e assumir o que ele considera ruim nos trabalhos que selecionou para refletir sobre essas questões específicas, considerando tamanho e tipo de letra, cor, teor dos textos e composição, como elementos da própria pintura, preenchendo ou a tela inteira ou determinados espaços de acordo com a problemática específica de cada obra.

Este projeto trata, portanto, de uma autobiografia autocrítica inovadora, pois para desenvolvê-la o artista disponibiliza essas obras ironizando parte de sua própria produção, assumindo-as como ruins e indo na contramão do mercado, o que justifica este pedido de apoio ao FUNCULTURA, o que possibilitará o desenvolvimento, conclusão e exposição da série com catálogo contendo cenas do processo de trabalho, texto autocrítico e reprodução das obras.