A exposição reúne o trabalho de quatro artistas residentes em São Paulo, com linguagens distintas que dialogam com as tradições, tanto da pintura e do desenho, quanto da escultura.
Valendo-se de operações variadas, o que faz pensar na relevância de vermos esses trabalhos lado a lado, é a possibilidade de uma leitura poética sobre a cidade e os olhares que lançamos em direção aos prédios, muros, construções inacabadas e abandonadas, o lixo, e toda uma miríade de imagens que por vezes não percebemos.
Pierre Lauwers cria pinturas murais - seu suporte é a parede dos espaços arquitetônicos- numa escala econômica que dialoga mais com a pintura do que com o gra te que vemos pelos muros e prédios da cidade. Estabelece um diálogo com as pinturas de Gabriela Sacchetto, carregadas de cores e fatura que nos remetem a tradição pictórica paulista. mas seu assunto é a cidade e sua arquitetura, o que...nos provoca uma estranheza. Assim como as pinturas feitas com o uso de "máscaras" de Lauwers, que podem estar em qualquer lugar, as paisagens urbanas de Sacchetto também são de qualquer lugar, quebrando qualquer noção de regionalismo.
Os trabalhos de Arturo Gamero e Edgar Racy também conversam por oposições. Se Racy trabalha com a apropriação de objetos recolocados no mundo em uma nova ordem, Gamero constrói seus objetos com uma determinação que leva em conta uma artesania ímpar. Racy olha a cidade e escolhe elementos que provocam uma re exão sobre o valor da arte, não deixando de ter um posicionamento político diante das questões do mercado. Racy propõe que o valor mercantil da obra seja exatamente o valor evocado pelos materiais recolhidos para sua produção. Gamero pensa seu processo a partir de uma experiência interiorizada do corpo. O corpo como casa, morada a ser investigado. Os trabalhos surgem quase como uma extensão desse corpo e de suas pulsações.
Entre um passo e outro, propõe uma re exão possível sobre a cidade e as in nitas redes de fruição que a arte proporciona. Os trabalhos presentes na mostra trazem questões universais inerentes ao homem contemporâneo.
Entrada actualizada el el 24 feb de 2017
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