Descripción de la Exposición
Crises, disputas, avanços e retrocessos. Que tempos são esses que nos desafiam a seguir lutando, apesar do luto? Sem pretensões de totalidade, a proposta dessa exposição é criar clarões que revelem campos de tensão nos quais presente, passado e futuro se encontram na encruzilhada do agora. De antemão, assumo a postura de que Iluminar o presente já se destina a falhar, pois o que vemos e o que nos atravessa expressa-se muito mais como nuvem de opacidade.
Selecionadas a partir do acesso ao acervo do MAC-Pr, principal museu de arte contemporânea do Estado do Paraná, 16 obras de artistas de diferentes gerações e regiões do Brasil desenham modos possíveis de atravessar a espessura do presente. Pensada em 3 vórtices de forças abertas e intercambiáveis, os trabalhos aqui reunidos forjam um campo de sentido e sensibilidade que fundam modos de significar e vibrar. Constituem erupções artísticas que questionam os limites de nosso tempo e instauram frestas pelas quais podemos nos mover. Fraturam nossas certezas e abrem fossos para perguntas que precisam ser feitas: Como resistir às forças que tentam nos calar e sufocar? Como manter o corpo vivo e inventar desvios que comportem transbordamentos? Como fabular futuros?
Tempos transversos sintetiza o furor do primeiro vórtice dessa exposição. Transver se torna operação para gerar descompassos na ilusão das aparências. Faz ver o avesso de um discurso político que colapsa na medida em que transparece o jogo omisso que o sustêm. Armas de brinquedo e a ferrugem que toma o tecido de um lençol feito bandeira redimensionam o potencial corrosivo de um governo/política que com ferro fere. No segundo vórtice, adentramos numa zona de tensão e vulnerabilidade. Um frágil equilíbrio parece amparar a linha tênue que sustenta uma ficção política forjada para domesticar curvas. Diferentes pesos e medidas se equilibram numa estabilidade em iminência de queda. Pedra, vidro e ferro escalam uma equação que oxida a transparência da incerteza. Como uma fala inacabada, o terceiro vórtice insurge enquanto corpo sensível, exposto e, acima de tudo, vivo. Com os poros em flor somos tragados pelo turbilhão da experiência do presente. Em comunhão, o avesso da pele fica à mostra e espasmos de um grito mudo quebra a barreira do silêncio na propulsão de movimentos aberrantes.
Se em tempos de opacidade a perspectiva de imaginar horizontes nos é subtraída, as confluências e fricções entre os trabalhos aqui reunidos se mostram como força motriz de complexidades e cintilâncias para tatear um presente que não é dado à simplificação.
Roberta Stubs
2022
Exposición. 19 nov de 2024 - 02 mar de 2025 / Museo Nacional del Prado / Madrid, España
Formación. 23 nov de 2024 - 29 nov de 2024 / Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (MNCARS) / Madrid, España