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Do Quadrado à Paisagem

Exposición / Museo de Arte de Río Grande do Sul Aldo Malagoli - MARGS / Praça da Alfândega, s/n / Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
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Cuándo:
04 ago de 2017 - 24 sep de 2017

Inauguración:
04 ago de 2017

Organizada por:
Museo de Arte de Río Grande do Sul Aldo Malagoli - MARGS

Artistas participantes:
Angela Zaffari

       


Descripción de la Exposición

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli convida para a exposição “Do quadrado à Paisagem”, da artista Angela Zaffari, com abertura dia 3 de agosto (quinta), na Galeria Iberê Camargo do MARGS. A mostra com curadoria de Ana Zavaldil e Leticia Lau pode ser visitada de 4 agosto até 24 de setembro, com entrada franca. Para a exposição será criada uma instalação utilizando um conjunto de caixas de acrílico transparente com papeis coloridos dentro simulando os quadrados de cor, presentes nas pinturas como uma nova forma de apresentar suas composições. A exposição surgiu da vontade de Angela de mostrar sua nova série iniciada em 2015, onde a partir dos seus quadrados coloridos, em busca de nova proposta de pintura, encontra nas imagens pixeladas uma vontade de pintar fotografias de viagens e lugares que tem um significado especial para ela. A mostra conta com um total de 16 obras em acrílica sobre tela, 04 em acrílica sobre papel e 01 instalação, todas especialmente desenvolvidas para a exposição no MARGS. Angela explica que a paisagem, por ora apresentada, remete ao início da sua trajetória artística, pois através dela ingressou pelos caminhos da pintura. “Fazendo uma retrospectiva breve vejo que esta nova série de paisagens em quadrados estabelece um ciclo importante de criação. Este elemento figurativo, que foi o ponto de partida para a abstração, inicialmente com linhas mais disformes e posteriormente mais lineares, retorna sob a forma de quadrados e em uma linguagem mais simplificada, trazendo, entretanto, uma percepção nova, onde o jogo de cores intui algo lúdico e prazeroso. Meu percurso criativo inicia com linhas horizontais e verticais riscadas na tela à mão, formando uma grade onde, intuitivamente, me permito trabalhar cores e tons, os mais variados possíveis, pois a cor é o elemento fundamental do processo criativo, e é ela que me instiga e me surpreende a cada trabalho desenvolvido. Das linhas, uma vez cruzadas, surgiram novas formas, onde a principal delas é o quadrado. E foi nesta forma rígida que encontrei, paradoxalmente, liberdade plena de criação, pois, ao mesmo tempo em que impõe limites, cria um espaço que proporciona o uso sem fim de cores e tons, através de construções simples e limpas. E o resultado de todo este processo é uma explosão de cores, onde a preocupação com o rigor formal inexiste, dando espaço a busca de um colorido que talvez seja inatingível, mas que proporciona uma verdadeira experiência sensorial aos olhos de quem vê.” Angela Zaffari Texto curatorial Quadriculando a Paisagem O trabalho de Angela Zaffari permite o acesso a múltiplas leituras, uma vez que se apresenta em composições distintas. Uma classificação precisa não é o caso para esta série de obras, visto que são paisagens, melhor dizendo, uma história que vai do quadrado à paisagem. O fato é que os trabalhos nascem de um fazer laborioso focado na qualidade técnica da pintura e cujas obras representam paisagens reais ou imaginárias, espontâneas ou construídas. Perceber os personagens que fazem parte desses enquadramentos oportunizará entrar no mundo novo da poética de Angela Zaffari, pois de um território conhecido se chega a outros menos conhecidos. A exposição Do Quadrado à Paisagem cria novas relações entre arte/vida/ciência, e isso se concretiza no trabalho da artista pelo movimento do seu universo poético e o seu campo específico de trabalho em um território de cruzamentos sem fronteiras delimitadas. Para entender seu processo tal como ele ocorre hoje, é necessária uma análise a partir das seguintes dimensões: da conceitualização teórica, dos antecedentes históricos, da sua transformação e da sua especificidade atual. Neste texto, além de explicitar as questões acima, procuro ainda salientar a questão que chamo de “mix-appeal”, ou seja, de um apelo à mistura, em que a qualquer momento pode surgir novos fragmentos ou totalidades parciais, abertas e sempre em movimento, em contínua metamorfose. O quadrado é o ponto de partida do percurso que dá origem à obra. A partir dele, é que se abrem todas as possibilidades dentro do trabalho. Porém, abre-se também a inquietação na busca de colocar esse signo em consonância com as suas pesquisas e na aparência da obra como constituinte imprescindível e com a capacidade de inovação para cada trabalho da mostra. Esse fato artístico nos leva direto ao conceito de repetição de Gilles Deleuze. A repetição pensada a partir da diferença, como quer Deleuze, e da maneira que interessa à arte, não significa só singularidade, mas também multiplicidade. A repetição gera deslocamentos e tem o seu potencial no jogo e no acaso. Para o filósofo francês, repetição é transgressão, já que “a repetição pertence ao humor e à ironia, sendo por natureza transgressão, exceção e manifestando sempre uma singularidade contra a generalidade...”.[i] No trabalho de Angela Zaffari, o deslocamento e a transgressão aparecem em cada linha formada pelos quadrados, porque a linha nunca será a mesma, uma nova ordem se estabelece, em que diferenças são encontradas na série de elementos coexistentes. Pode-se afirmar ainda que o diferente se refere ao diferente pela diferença. Podemos encontrar referências no contexto da história da arte para as pesquisas de Angela Zaffari apenas citando dois nomes de dois movimentos de vanguarda do século XX: Kazimir Malevich (1878-1935), principal artista do Construtivismo Russo, e Piet Mondrian (1872-1944) do Neoplasticismo. No primeiro movimento, a pintura e a escultura eram pensadas como construções e não como representações. Os quadrados coloridos nas pinturas de Angela Zaffari remetem a construções e quando saem da tela para ocupar um espaço tridimensional na parede fica mais evidente essa característica. Já o Neoplasticismo influenciou uma geração de artistas brasileiros, principalmente os do Grupo Ruptura de São Paulo e os do Grupo Frente no Rio de Janeiro, no período da Arte Concreta, e segue influenciando novas pesquisas artísticas. Como já foi citado, o quadrado como dimensão simbólica é uma das forças no trabalho, mas a segunda potência está relacionada à cor. Na arte contemporânea, a partir dos anos de 1960, a cor no campo da visualidade foi muito explorada e repensada, basta lembrar-se do artista brasileiro Hélio Oiticica (1937-1980), um dos expoentes da arte internacional. Os trabalhos dele saíram da parede para os objetos, mas em nenhum momento abandonou as cores fortes e pontuais. Ele mesmo afirmou “a cor é a primeira revelação do mundo”.[ii] A cor corporifica-se em outro material – o papel – e vai para a parede em nova relação com a sua obra agora em sintonia com o objeto. O quadrado e a cor em constante movimento que modifica a experiência do fazer e transforma esse ato em novas experimentações. Esse fazer demanda um tempo em eterno movimento, em “eterno retorno”. A relação espaço/temporal que permeia o trabalho intensificado pela cor cria uma nova percepção e sinestesia estética. A mostra em questão é composta por uma série de trabalhos que transmitem fortes relações visuais pautadas nos elementos cor e quadrado, que não se encerram em suas próprias plasticidades, mas trazem reflexões sobre o aspecto conceitual de sua produção e desafiam o espectador a compreender a sua lógica processual e poética. O resultado plástico do conjunto apresenta uma narrativa poética com intervalos aos quais denominei de ponto, ou seja, um quadrado de uma cor só, reforçando o sentido de pausa entre a densa narrativa sugerida pelas telas que representam paisagens e seus desdobramentos com seus ritmos e suas cores imponentes. As paisagens são retiradas de cenas de viagens da artista e transformadas através de pixels[iii], pois a coerência faz parte do processo, e as imagens são transformadas nessa unidade de medida digital com o intuito de ter uma imagem visível por meio da união dos quadrados. A exposição cria a necessidade para o espectador de olhar atentamente as obras e desvendar as conexões entre elas e a potência do seu alcance. Só então poderá buscar novos sentidos e relações entre o conjunto. A exposição Do Quadrado à Paisagem convida o público para conhecer o lado mais subjetivo do trabalho de Angela Zaffari, em que o assunto de suas pinturas se volta à paisagem. O quadrado e a cor marcantes também em suas produções anteriores agora se revestem de novas nuances e combinações trazendo autonomia estética, em que os jogos visuais propostos implicam profícuas misturas entre pesquisa e técnica onde o resultado final é um conjunto de obras de grande valor visual. Ana Zavadil – curadora


Entrada actualizada el el 29 ago de 2017

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