Descripción de la Exposición
Deus está solto! Grita Caetano Veloso, no dia 15 de setembro de 1968. Na ocasião, diante de vaias e gritaria, enquanto a banda continuava a tocar como era possível, o artista interrompia a música “É proibido proibir” no Festival Internacional da Canção (FIC) para discursar de forma improvisada em resposta à parte da plateia enfurecida que insistia em lhe interromper. Feito um transe repentino anexo à linearidade de seu discurso, o dito empregava um revestimento esotérico ao tumulto, e se opunha à repressão daqueles comprometidos com um nacionalismo de esquerda e que não toleravam traços estrangeiros ou religiosos.
No ano da Sexta-feira Sangrenta, da Passeata dos Cem Mil, e do AI-5, o caso é emblemático pra se pensar a atmosfera social e importantes aspectos do debate político da época, e de agora. Marca também ponto firme num momento de uma série de experimentações estéticas radicais. E a leitura da frase - de aspiração mística com espessura de dito popular - fatalmente esquecida pela memória comum, pode jogar luz, por vias racionais e esotéricas, sobre nuances do imaginário social do Brasil e dos traumas por quais passou o país em sua história recente. De igual maneira, pode fazer refletir sobre a capacidade de um sujeito transitar por todos os lugares e demandas, e sobre nosso potencial de ação como corpo coletivo.
Concebido para tomar como suporte um dispositivo feito para arquivar telas em 9 páginas frente e verso, o projeto é composto por trabalhos de duas gerações: 1968 ao começo dos anos 80, e de 2013 a 2017. Ao revisitar documentos, rever narrativas e propor novos diálogos, dispara em direção a questões envolvendo liberdade, repressão, êxtase coletivo, transe estético, colapso institucional e gestão de crise. São cruzamentos que traçam um quadro temporal não linear, de idas e vindas, gangorras e emaranhados, para abordar o estado de espírito conturbado do nebuloso cenário atual. Por fim, se inclina sobre as indesejáveis imposições à força e os flagrantes esgotamentos históricos, econômicos e organizacionais diante dos quais nos encontramos para, com sorte, ser possível imaginar e experimentar o que ainda não sabemos, ou aquilo do qual ainda não damos conta.
Artistas participantes: 3nós3 - Arte/Ação - Gabriel Borba Filho - Glauber Rocha - Hélio Oiticica - Marcelo Cidade - Mario Ishikawa - Martha Araújo - Marília Furman - Maurício Ianês - On/Off - Pontogor - Rafael RG - Rogério Sganzerla - Torquato Neto - Traplev
Premio. 27 ene de 2025 - 10 mar de 2025 / Vitoria-Gasteiz, Álava, España
Exposición. 26 feb de 2025 - 01 sep de 2025 / Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (MNCARS) / Madrid, España
Formación. 01 oct de 2024 - 04 abr de 2025 / PHotoEspaña / Madrid, España