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De ontem pra hoje já era amanhã

Exposición / Galeria Jaqueline Martins / R. Dr. Cesário Mota Júnior, 443 - Vila Buarque / São Paulo, Sao Paulo, Brasil
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Cuándo:
17 nov de 2021 - 24 feb de 2022

Inauguración:
17 nov de 2021

Precio:
Entrada gratuita

Organizada por:
Galeria Jaqueline Martins

Artistas participantes:
Pedro França

ENLACES OFICIALES
Web 

       



Documentos relacionados
pdf Texto completo de Clarissa Diniz

Descripción de la Exposición

Para poder escapar das amarras da morte e conquistar a condição de não-morto é preciso nada fazer. Resistir à obrigação de morrer, como também ao desejo de sobreviver, pode fundar existências alternativas. É assim que seguem os habitantes das pinturas de pedro frança – para além da vida e da morte. Sempre agindo, seus personagens fazem, contudo, muito pouco. Desambiciosos, ocupam uns aos outros consigo mesmos. Têm muito o que fazer para seguirem sem fazer nada. Com seus corpos quase sempre nus, neles “há erotismo, mas não sempre; há alegria, mas não sempre; há morte, mas não sempre; há cuidado, carinho, há solidão; há de tudo, mas nada está “sempre lá”. Um mal estar difuso, mas também gestos de esperança e prazer”, como nas palavras do artista. Enquanto aparentemente inativos na escala de seus gestos e na pouca representatividade de seus enigmáticos cenários, é precisamente no gerúndio de seus contínuos fazeres que esses não-mortos enunciam o que podem as suas vidas. Distantes dos messianismos – inclusive os mais bem-intencionados – e de sua obsessão pelo extermínio daquilo ou daqueles que os assombram, não parecem refutar o mundo tal como ele é, recusando-se a reformá-lo ou, em última instância, a desertá-lo. Na contramão das responsabilidades revolucionárias e da ética da renúncia, as figuras vagarosamente ostentam a pachorra de seguir fazendo nada quando tudo parece indicar que o melhor seria fazer algo de fato significativo – inclusive o trágico ato final da abdicação de todo e qualquer feito. Há que se notar, contudo, que a não-grandiloquência de suas ações não as torna irrisórias, senão urdidas em minuciosas subjetividades. Cada movimento, posição, toque, cor, adereço, anatomia, cabelo, se fazem, assim, radicalmente singulares. A um só tempo juntas e sozinhas, essas prosaicas entidades percorrem mundos aclarados e faiscantes, cuja quentura se expressa em corpos tornados chamas e na pegajosice que implica uns aos outros como se estivessem grudados pelo suor, pelo choro, pelo gozo, pela saliva e pela urina que exasperam nesse mundo febril. Clarissa Diniz


Entrada actualizada el el 08 feb de 2022

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