A citação que inicia este texto está presente num dos desenhos apresentados na exposição (Políptico(Belém)) de Gabriela Albergaria na Ermida de Nª Srª da Conceição. A sua apropriação aqui justifica-se pela relevância no entendimento do projecto desenhado pela artista para aquele espaço especifico.
O desenho urbano de uma cidade é normalmente ditado por interesses políticos os quais rapidamente desaparecem da superfície. Assim, quando nos sentamos na Praça Afonso de Albuquerque, no Jardim Vasco da Gama ou na Praça do Império não pensamos imediatamente na sua história (descobrimentos, colonialismo, estado novo,...), nem no significado da sua construção ou nas conexões politicas que possam ter. Sentamo-nos e desfrutamos o espaço. A história vai sendo enterrada, época atrás de época, esquecida debaixo dos nossos pés.
A exposição parte de um livro de artista Duas Praças e
... um Jardim que Albergaria desenhou para a ocasião. A sua estrutura é a de um manual de uso. Contêm mapas, fotografias, sugestões de percursos: uma coreografia para o olhar e para o corpo através destes espaços. A maioria dos trajectos que Feliciano fotografa, segundo regras prescritas por Albergaria, propõem uma relação directa entre uma imagem do chão e outra ao nível dos olhos. Esta justaposição quer pensar a forma como o material utilizado na construção do espaço público condiciona o seu uso.
Do livro para as paredes da Ermida sai um grupo de foto-desenhos de cinco árvores que Gabriela Albergaria quis por em evidência na exposição. Nenhuma das árvores é originalmente portuguesa (nem mesmo o tradicional Pinheiro Manso) e simbolizam as relações de troca (e de poder) que Portugal teve com o mundo. Estas obras são caracterizadas por um conjunto de fotografias e desenhos impressos (previamente manipulados) que dissecam a árvore em secções. Os desenhos fazem um pequeno zoom a um detalhe particular da árvore. Cada secção é ladeada por uma cor que a sintetiza. Estas cores provêm de um trabalho de análise retiniana feita por Albergaria às imagens fotografadas por Raquel Feliciano - um trabalho sobre a imagem de uma paisagem e não sobre a paisagem em si.
Duas outras peças completam a exposição. Um tríptico situado na zona do altar da Ermida, e um desenho políptico. Tríptico (Belém), 2012, tem uma estrutura de justaposições: desenho/fotografia; chão/nível dos olhos; acção/contemplação. Na imagem central apenas vemos um pedaço de um jardim onde nada acontece. É nos elementos laterais que acção se desenrola. Num lado um senhor que caminha e no outro um banco vazio que o espera. A estrutura desta obra evoca as pinturas polípticas da história da Igreja nas quais uma história era contada pela conjugação de imagens. Antes o crente, agora o espectador quem cria a narrativa e transfigura imagens em palavras.
Entrada actualizada el el 26 may de 2016
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