...a paisagem de montanha tem esse universal arrebatar, do seu tempo que não é dos nossos. Território franco e generoso na magnificência da sua grandeza, na abundância da matéria prima dita inerte, na diversidade das suas vestes coloridas, nas arrojadas variações de escala, na quase infinita sucessão de planos, no aparato dos muitos acidentes, nas relações anormais entre as distâncias.
Inventar paisagens montanhosas é confiar a acção seguir caminho livre, porque nunca abdica de ser paisagens, muito menos montanhas. É sistema representativo orgânico: um intricado de linhas e volumes onde mais ou menos luz provoca luxuosos contrastes, onde a organização dos elementos varia sem fim e os contornos oscilam por decisão aleatória, como se do vento responsabilidade fosse. Onde o erro pode naturalmente acontecer, admitido como referência, e continuar a viajar, por onde muito do que se questiona tem lugar fértil para sossegar...
“Cordilheira” desenvolve-se na sequência de um método de trabalho...intuitivo legitimado ao longo dos últimos anos, processo no qual a paisagem de montanha conquistou relevância metafórica, reciclando de cada vez a ideia do lugar primórdio, sendo que a representação de específicas condições atmosféricas e seus fenómenos climáticos acrescentam agora novas relações de volume e movimento, na constante revalidação do jogo profícuo entre desenho e escultura.
Entrada actualizada el el 07 sep de 2016
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