Descripción de la Exposición
“(...) A constituição de uma colecção de obras de arte raramente resulta de um programa pré-estabelecido. Acontece, simplesmente. É à medida que se desenvolve que se desenha um fio condutor, reflectido na fixação de balizas temporais e na adopção de um critério de escolha dos artistas representados. No caso presente, está-se perante o microcosmos de uma visão panorâmica da arte portuguesa do século passado, e de uma incursão na arte internacional do mesmo período. (...)”.
Paulo de Pitta e Cunha, 2022
Nos últimos anos de vida, Paulo de Pitta e Cunha (1937-2022) decidiu expor publicamente a sua colecção de arte contemporânea. Para isso escreveu um texto em que se define como coleccionador, evocando circunstâncias e artistas que foram integrando um vastíssimo acervo de mais de quinhentas peças (pintura, desenho e escultura), além de um núcleo de gravura que continua a carecer de inventário e estudo.
A morte chegou antes que Paulo de Pitta e Cunha tivesse a alegria de cumprir a sua determinação. Foi a família que a concretizou, decidindo propor a sua apresentação à Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. O espaço disponível para a mostra da Colecção condicionou naturalmente as escolhas realizadas, não tendo sido possível seleccionar todos os artistas citados no texto já referido. Ainda assim, o Catálogo apresenta 205 obras dos quais estarão expostas 123.
O traço distintivo da Colecção Paulo de Pitta e Cunha é o número considerável de obras de artistas estrangeiros. Muitas são pequenos formatos ou múltiplos que não ocupam lugar de destaque nas respectivas obras. Mas não é o caso de Alan Davie de que a Colecção possui quatro excelentes obras, adquiridas duas em Portugal (Galeria Dinastia, 1973) e duas na galeria de Londres Gimpel Fils. Sem a mesma relevância, pode citarse o conjunto de trabalhos de Tom Wesselmann, figura representativa da pop americana. Os seus nus femininos encantavam o Coleccionador pela criatividade e cosmopolitismo. Aliás, o fascínio pela representação do feminino (segundo os cânones então vigentes) foi a razão de seu interesse por Niki de Saint Phalle ou, num registo estilístico muito diferente, por Yves Klein que entrou na Colecção com uma Vénus azul de 1982 (adquirida na Galeria Bonnier, Genebra, 1998). Pode ainda referir-se uma curiosa serigrafia de Andy Warhol da importante série Ladies and Gentlemen de 1975.
Em termos portugueses, a Colecção possui notáveis conjuntos ou obras isoladas de muitos dos artistas reconhecidos desde os anos de 1970, tendo sido impossível integrá-los todos no catálogo e na exposição. O melhor conjunto é, sem dúvida, de Paula Rego com obras viscerais dos anos de 1960 e 1970. Pitta e Cunha teve a clarividência de apostar numa artista então jovem e em início de carreira: As três fases do medo (1963) e Os Intrusos (1971) são obras maiores para compreender a profunda originalidade da pintora, exercitando narrativas cifradas, ameaçadoras e cáusticas.
Em muito “boa época” o Coleccionador comprou, entre muitos outros, Álvaro Lapa, António Palolo, Carlos Calvet, Mário Cesariny, Joaquim Rodrigo, João Cutileiro (de quem era amigo) ou o notável Sá Nogueira de 1973, Fá-los ouvir a tua corneta, negro!
Paulo de Pitta e Cunha tinha um especial gosto em descobrir e promover jovens artistas. Decidia por ele próprio e vivia com paixão as suas apostas. O caso mais interessante, em termos de quantidade de pinturas compradas, foi o de Nuno Viegas. Bela Silva também interessou o Coleccionador, como ceramista e pintora. E fez-lhe uma encomenda em nome próprio e com tema: a capa para um dos seus livros intitulado Direito Institucional da União Europeia, editado pela Almedina em Setembro de 2004. O tema foi, naturalmente, o Rapto da Europa. Evocando este interesse do colecionador, a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva inaugura simultaneamente na Casa-Atelier Vieira da Silva, uma exposição inédita de Bela Silva.
Mas o seu eclectismo e vontade de abrangência faziamno interessar por outros artistas. Por exemplo Rui Chafes que instalou a escultura Flor que nasce para logo morrer (II) de 2004 na bela casa do Guincho, como o fará agora na Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva.
Finalmente, embora a Colecção seja no essencial contemporânea, há algumas marcações modernistas. Por exemplo, José de Almada Negreiros de que A Pesca, 1940, se destacava no hall de entrada da casa de Lisboa e fazia parte da lista das preferências do Coleccionador.
Exposición. 13 dic de 2024 - 04 may de 2025 / CAAC - Centro Andaluz de Arte Contemporáneo / Sevilla, España
Formación. 01 oct de 2024 - 04 abr de 2025 / PHotoEspaña / Madrid, España