Descripción de la Exposición
Em 1980, o francês Xavier Monnet embarca numa resiliência etnográfica, fixando-se por longos períodos entre os grupos minoritários chineses para recolher testemunhos materiais. Qual gabinete de curiosidades, esta exposição revela 130 peças, maioritariamente de subgrupos dos Miao, doadas à Fundação Oriente em 2021.
Para além do valor artístico e etnográfico das peças que apresenta, testemunhos vivos das suas comunidades e modos de vida, esta exposição dá a conhecer um dos modos de incorporação de artefactos pelos museus – a doação. Em simultâneo, reflecte sobre o papel do coleccionador, suas motivações e história pessoal, na construção de uma narrativa singular: a (sua) colecção.
A COLECÇÃO
Em 2021, a Fundação Oriente recebeu uma colecção de 180 peças chinesas doada por Xavier Monnet, um antiquário que nos anos 80, desanimado com o negócio de venda de arte erudita chinesa, se aventura na procura de artefactos à altura pouco conhecidos dos galeristas europeus.
Monnet passa, rapidamente, de caçador de tesouros à resiliência etnográfica, fixando-se por longos períodos entre os grupos minoritários chineses, junto dos quais foi recolhendo testemunhos materiais, em especial dos diferentes subgrupos dos Miao - também designados Hmong.
Esta recolha de peças foi sendo possível dado o isolamento em que Monnet encontrou estas populações, na paisagem montanhosa que igualmente as protegeu das investidas da maioria chinesa Han.
Em 1949, a designação Miao, conotada com bárbaros, é oficialmente atribuída a diferentes comunidades do sul da China linguisticamente relacionadas, ou a todos os povos não Han, com o intuito de os distinguir e classificar no aparelho político e administrativo. No entanto, estas comunidades continuam a usar as suas próprias designações, variáveis por região, distinguíveis pelas festividades e trajes e exacerbadas pela curiosidade turística.
A recolha e doação de Xavier Monnet representa um dos modos de incorporação de artefactos pelos museus, cuja compreensão não pode ser dissociada da história de vida do coleccionador, de um projecto movido pela dedicação à arte e às antiguidades.
Num total de 180 objectos, a doação Xavier Monnet compreende têxteis, objectos domésticos e pessoais, adornos e curiosidades dos Dong, Yao, Yi, Naxi e Shui - outras comunidades cuja maioria habita igualmente o sul da China.
O COLECCIONADOR
Quando jovem, Monnet visitou avidamente museus, exposições, galerias, antiquários, leilões e brechós, onde começou a chiner ou seja, a caçar pechinchas. Iniciou assim a aquisição paulatina de objectos antigos e curiosos.
Monnet envolveu-se desde logo no mundo das antiguidades asiáticas, com destaque para a China, Mongólia, Tibete e Nepal, as que mais sucesso fariam nas feiras de antiguidades internacionais.
Nas suas incursões ao sul da China, às regiões de Yunnan, Guanxi, Guizhou, Hunan e Hainan, observou em particular a beleza, detalhe e diversidade dos trajes e joalharia dos Miao que, segundo Monnet, são o seu passaporte.
As mulheres detêm um papel interventivo na vida social destas comunidades, e são particularmente reconhecidas pelas técnicas e padrões decorativos aplicados nos artefactos que, a partir dos anos 80, atingiram elevado valor comercial.
Exposición. 31 oct de 2024 - 09 feb de 2025 / Artium - Centro Museo Vasco de Arte Contemporáneo / Vitoria-Gasteiz, Álava, España