Descripción de la Exposición Esta é uma exposição que tem por objetivo apresentar, para o público brasileiro, no Ano de Portugal no Brasil, a obra de Rui Chafes, um dos mais importantes escultores portugueses da atualidade. A exposição foi concebida a partir da vontade de juntar dois elementos: o ferro e as palavras. O ferro porque Rui é um artista ferreiro e esse é o material com que trabalha, e as palavras porque elas também são parte fundamental de sua obra e do seu interesse como artista (basta conferir os títulos de suas esculturas). Da dureza do ferro ele erige presenças, criando potências precisas de cutelo que nos afetam, atingindo nossas lembranças com imagens inesquecíveis, que são como epifanias; e com as palavras ele tece os sentidos impalpáveis que envolvem suas esculturas, permeando-as com ideias, conceitos e poesia. Por isso 'carne misteriosa': o conteúdo de suas esculturas são as palavras; o continente de suas palavras são as esculturas negras de ferro. Como o mistério da carne - como de toda expressão da natureza para o homem - a matéria, o espírito e o sentido. Mas não me bastaram o ferro e as palavras. Para mim Rui Chafes é mais do que isso. Não resisto aos vocábulos 'deriva' e 'fenda'. Suas palavras deslizam e nos induzem para um território de desmaterialização do objeto, colocando-o sempre em xeque, criando sulcos que revelam as verdadeiras intensidades da vida. Ele não é um fetichista. Apesar de escultor, o objeto em si não lhe interessa. O que lhe interessa, assim como para Giacometti, é a luta constante com e contra a forma para dela extrair a potência da expressão, que faz parte do mundo dos mortos, onde a presença já não é o mais fundamental. A forma não lhe basta. Suas esculturas, como ele próprio diz, são como módulos de pensamento, catalisadores e transmissores de forças. São pontos baços de resistência para que abram caminhos para as intensidades dos afetos e das energias que circulam e que circundam o mundo, que vêm do acúmulo do passado e que abrem o caminho para as potências do devir, revelando-nos a densidade e a intensidade da existência, em que a carne do mundo palpita: onde o fim se junta ao começo. Por isso, certas estratégias, para além da forma da escultura, que percebi presentes em sua obra me interessaram e busquei destacá-las nesta exposição: o roubo, o abandono, a destruição, a fala, o grande, o pequeno, o leve, o pesado, a proximidade, a distância, o monumento, o amuleto, a solidão, a morte. Juntamente com Gerardo Vilaseca concebemos uma exposição em dois níveis. O visitante se deparará com uma exposição que induz um duplo olhar: ela pode e deve ser vista tanto de cima quanto de baixo. No rés do chão são sete salas. No alto, estão as grandes esculturas e alguns textos do curador. Já nessa estrutura há uma incursão na relação do grande e do pequeno. No alto ou penduradas, elevam-se, contra o próprio peso, esculturas monumentais que nos dão a sensação de leveza. As salas abrigam esculturas menores, projeções, gravações e fotografias.
Formación. 01 oct de 2024 - 04 abr de 2025 / PHotoEspaña / Madrid, España