Descripción de la Exposición
Como o próprio título indica, a obra tem relação com um pedido de socorro. A sigla SOS está escrita em braile, o que envolveria o tato para decodificar os pontos em relevo. A artista se vale de círculos de metal usados em sinalizações de pisos para alertar pessoas com deficiência visual sobre obstáculos. A mudança de escala dos sinais, num tamanho muito maior que o nosso corpo alcança, impede que a leitura ocorra completamente e, assim, é como se as palavras jamais pudessem ser compreendidas.
A inversão das coordenadas de orientação no espaço, ao colocar na vertical o piso tátil projetado para superfícies horizontais, pode gerar vertigem. E de fato o ambiente espelhado envolve e captura os espectadores que atravessam o corredor do museu. Nosso olhar é levado em movimentos espiralados para o interior de espaços imaginários e atordoantes.
As imagens reúnem uma espécie de paisagem construída com fotografias de minerais que se mesclam com grades e fragmentos de arquiteturas labirínticas. A partir da manipulação de imagens digitais é como se sobrevoássemos paisagens convertidas em fósseis que condensam tempos diferentes. Como se avistássemos do alto um território em ruínas, um mundo devastado. As linhas da pedra fotografada trazem a ideia de fratura, de colapso da natureza e da cultura.
As montagens fotográficas emolduradas são opacas, contrastam com o brilho do fundo, mas se integram ao conjunto distópico. Os elementos que apontam para a ideia de futuro são tratados pela artista como algo já sedimentado, como resto petrificado do passado. Em vez de promessa de felicidade, de crença num mundo melhor, a obra parece tratar da falência e da impossibilidade de salvação.
Cauê Alves
Curador
Formación. El 30 ene de 2025 / Fundación Juan March / Madrid, España