Descripción de la Exposición
É a partir da caminhada e do deslocamento e da coleta de materiais dispostos na natureza, que a artista visual Léa Juliana desenvolveu as duas instalações criadas para a mostras Caminhar Pel(es) Pedras, que o Museu das Bandeiras (MuBan) apresenta ao público a partir de abril na Cidade de Goiás (GO). Com curadoria de César Becker, a exposição traz para o museu uma discussão sobre memória e ancestralidade da presença humana no Cerrado brasileiro. Em exibição até o dia 19 de maio, a visitação é de terça a sábado, das 9h às 18h, e domingo, das 9h às 13h. A entrada é gratuita e livre para todos os públicos. No Instagram @museus.ibramgo. O MuBan fica na Praça Brasil Ramos Caiado, Setor Central – Cidade de Goiás – GO.
Léa Juliana afirma que a caminhada e o deslocamento entre territórios são práticas estéticas nas quais busca experiências que permitam resgatar memórias e enxergar marcas deixadas pelos seres que neles habitam. Se o flâneur entra no meio da multidão para se impregnar de informações e energia vital para continuar sua jornada, aqui, a artista se abastece da memória da natureza e da presença humana ancestral impregnadas nas pedras, pequenas ou grandes. Todas impregnadas de energia. “Nas trilhas, coleto pedras que posteriormente são utilizadas para o desenvolvimento das obras. Da minha relação com as pedras, desenvolvi uma técnica autoral na qual são retiradas camadas finas de pedras, que denominei de “peles de pedras”. A pele é o maior órgão dos nossos corpos e é através dela que nos comunicamos com o mundo, ao denominar as camadas de pedras de “peles”, busco uma aproximação com esse corpo mineral de maneira que ocorra um compartilhamento de memórias”, diz. Ao adentrar nas pedras, a artista acessa o íntimo das pedras e apresenta as cores e as texturas puras desses “seres”, que aqui assumem o repositório de memória dos tempos.
O curador César Becker ressalta o caráter escultórico na obra de Léa Juliana ao coletar/esculpir as pedras que encontra em seu caminho. “Quando afirmo que Léa Juliana esculpe as pedras, não se trata da escultura determinada por intermédio do cinzel e do martelo. Pensar nas obras da artista como escultura é elaborar a respeito do que é a pedra ela - mesma – naquilo que lhe é própria.”
“Léa Juliana caminha pelas pedras como quem esculpe o percurso dos seus próprios passos. Recolhe e busca nas pedras, como lembra João Cabral de Melo Neto, a sua “pedra de nascença”, aquela que carrega sempre consigo, pedra entranhada na alma.”
César Becker, curador
Entre a obras apresentadas pela artista estão as instalações: Caminhar Pel(es) Pedras, que dá nome à segunda mostra individual da artista, e Pedra Cerratensis, em referência ao homo-cerratensis, que habitou a região do Planalto Central brasileiro há pelo menos 13 mil anos e, também, os atuais habitantes que atualmente vivem na região formada por comunidades indígenas, quilombolas e descendentes de colonizadores e imigrantes de várias partes do País e do mundo.
Em “Caminhar Pel(es) Pedras”, a obra é uma trilha formada por peles de pedras costuradas à mão pela artista com linha de seda de buriti que foram produzidas na comunidade quilombola do Prata no Jalapão. Para essa obra, foram costuradas 600 peles de pedras coletadas em diversos locais do Cerrado como: Serra Dourada (GO), Cidade de Goiás (GO), Altiplano Leste (DF), Brazlândia (DF), trilha da cobra cega (DF). A trilha de peles de pedras tem o total de 30 metros lineares e percorre todas as paredes da sala do museu.
Pedras Cerratensis” é realizada com 38 pedras colhidas em trilhas realizadas por mim em diversos locais do Cerrado: Jardim Botânico de Brasília, Planaltina, Brazlândia, Altiplano Leste, trilha da Cobra Cega, Jalapão (TO), Anápolis (GO), Cidade de Goiás (GO), Serra Dourada (GO) e Sobradinho (DF). Na instalação é possível verificar que de algumas dessas pedras estão sendo retiradas peles que são puxadas por anzóis e são sustentadas pelas linhas de seda de buriti presas ao teto da galeria. Os três elementos representam a presença dos corpos minerais (pedras), vegetais (linha de buriti) e humana (anzol) formando uma conexão que liga a terra ao céu (representado pela conexão das linhas das pedras até o teto da galeria).
“A artista nos apresenta a memória do trabalho incessante dos relevos; elevações de massas de terra lavrada e trabalhada até a menor partícula rochosa. Léa compreende a memória como uma qualidade própria da matéria e se ocupa de apresentá-la como uma aposta estética e conceitual da obra elaborada”, completa o curador.
Conversa
No dia 15 de maio, às 19h, a artista e o curador participam de uma live pelo instagram @_leajuliana para falar de processos criativo e de produção, escultura e ancestralidade.
Sobre a artista
Léa Juliana nasceu em Salvador (BA). Atualmente, vive e trabalha em Brasília (DF). Formada em Artes Visuais Bacharelado pela Universidade de Brasília (UnB). Desde 2023, realiza acompanhamento crítico com Cristiana Tejo e com Suyan de Mattos. Atualmente participa da Bienal Black Brazil Art, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), com obra exposta no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica. Integra os coletivos Maskarada e Usina de Inventos. Participou de Imersão poética com Bené Fonteles promovida pelo Ateliê Helena Lopes, em Brasília (DF), em 2023, e da Residência Artística DevOrar a Antropofagia, promovida pelo espaço de arte Vilarejo 21, em 2022. Participou do Projeto de Iniciação Científica – Pibic (2021/2022) – Unb: Arte e Psicanálise: Corpos Artifícios. Artigo: O Corpo Feminino na Arte Contemporânea: Pecados, Limites e Abjeções. Em abril de 2024, participa da Residência Artística da NACO, em Olhos D´Agua (GO), com curadoria de Divino Sobral. Desde 2019, participa de exposições coletivas e, em 2023, teve a sua primeira exposição individual “Pedra”, que ocorreu na Galeria Rubens Valentim, no Espaço Cultural Renato Russo, em Brasília (DF).
Sobre o curador
César Becker é formado em Artes Visuais pela Universidade de Brasília, mestre em Poéticas contemporâneas e doutor na linha de Deslocamentos e espacialidades do programa de pós-graduação das artes visuais da UnB. Atualmente é professor de escultura da Universidade de Brasília.
Sobre o Museu das Bandeiras
O Museu das Bandeiras, criado por lei em 1949, mas aberto ao público somente em 1954, é sediado na Antiga Casa de Câmara e Cadeia, construída em 1766 na então Villa Boa de Goyaz. No Arquivo Histórico há documentos da Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional em Goiás. O acervo é composto por 573 peças, entre objetos de arte sacra, mobiliário, vestuário, armamentos, utensílios e outros, confeccionados em estilos, técnicas e épocas diversas. O Museu das Bandeiras tem como missão preservar, pesquisar e comunicar a memória nacional relativa à ocupação na região Centro-oeste do Brasil, enfatizando as contribuições dos diversos segmentos étnico-sociais presentes neste processo, visando a universalidade do acesso, a sustentabilidade cultural, social, econômica e ambiental, e contribuir para o desenvolvimento do país, por meio da promoção da inclusão social, da igualdade racial e de gênero, da valorização da diversidade cultural e sexual; e do respeito aos direitos e à dignidade humana.
Exposición. 17 dic de 2024 - 16 mar de 2025 / Museo Picasso Málaga / Málaga, España
Formación. 01 oct de 2024 - 04 abr de 2025 / PHotoEspaña / Madrid, España