Descripción de la Exposición
Como é que uma pessoa fotografa uma crise? Fotografas as longas filas para comprar comida? Foca nos corpos rijos das crianças? Faz zoom nos olhos do povo desesperado por dias melhores? Na Venezuela, um salário mensal mal dá para comprar uns quilos de arroz ou farinha. Algumas pessoas usam as extintas notas Bolívares para fazer pulseiras, bolsas e até figuras de origami. Mas o que precisa acontecer para o dinheiro deixar de ser dinheiro? Como é que o dinheiro fica despojado do que Marx chamou o seu valor de troca? E quais são essas implicações para o povo da Venezuela? Com estas questões em mente parti para a fronteira venezuelana para documentar o êxodo do povo. Eu encontrei um caminho carregado de homens, mulheres e crianças (muitas crianças), com os seus rostos repletos de desgosto, medo, luto, nostalgia, resignação e acima de tudo, incerteza. Intitulam-se "Caminantes", traduzido informalmente como caminhantes. Juntei-me a um grupo e caminhei com eles cerca de 200km, desde Cucuta até Bucaramanga, possivelmente um dos trilhos mais difíceis por estrada para sair da Venezuela. Depois da viagem decidi transferir as imagens dos Caminantes que fui conhecendo ao longo da estrada, diretamente sobre a moeda Bolívar extinta através de um processo com prata gelatinosa. A sensível emulsão da luz colou as imagens dos migrantes às notas; o símbolo, causa e consequência da crise. As faces da moeda de Bolívar, Miranda, Guicaipuro, Cáceres de Arismendi, Negro Primero... que antes sustentaram orgulhosamente a riqueza e o sucesso da Venezuela, parecem agora olhar uma geração que foi expulsa do seu país pela fome e pela desesperança. Da mesma forma, a flora e a fauna presentes no verso das notas fala agora de uma pátria pródiga abandonada pelo seu povo.
Exposición. 14 sep de 2019 - 27 oct de 2019 / Nova Galeria do Largo do Paço / Braga, Portugal
Exposición. 31 oct de 2024 - 09 feb de 2025 / Artium - Centro Museo Vasco de Arte Contemporáneo / Vitoria-Gasteiz, Álava, España