Descripción de la Exposición
No próximo dia 13 de maio, a partir das 17h, inaugura a exposição Brigada Naval do artista Miguel Palma no Clube Naval de Lisboa.
Sobre esta exposição, Miguel von Hafe Pérez escreve:
Numa ocupação inusitada de um armazém do Clube Naval de Lisboa, Miguel Palma apropria-se de elementos aí encontrados para criar uma instalação que conjuga alguns dos princípios orientadores da sua prática artística, aqui em diálogo com elementos arquitetónicos e decorativos historicamente determinados.
A peça central da instalação é um barco à vela suspenso. A embarcação, de construção americana e datada de 1943, tem como pano de fundo uma impressiva pintura mural apologética dos descobrimentos portugueses que terá sido realizada por altura da famosa Exposição do Mundo Português, realizada em 1940 na zona de Belém em Lisboa. Máquina de propaganda colonialista, a ideologia da exposição ressoa neste mural, agora curto-circuitado pela intervenção de Miguel Palma. Na verdade, o artista vai transformar aquilo que é uma embarcação de recreio numa peça híbrida por via de uma vela feita a partir de tecido de uma tenda militar. O carácter lúdico do barco fica em suspenso pela agressividade deste material militar, onde o artista desenha “marcações de vitória”, que são ícones de abatimento de material inimigo (normalmente pintados em aviões e barcos de combate).
Obra nostálgica, Brigada Naval fala-nos da perda da inocência, da necessidade de olhar o passado com sentido crítico e, em última análise, da capacidade da arte erigir territórios que questionam o presente. Entre a realidade e a ficção, entre a apropriação e a construção desviante, Miguel Palma conduz-nos numa viagem onde as formas se dilatam em ideias complexas.
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MIGUEL PALMA
Miguel Palma, Lisboa 1964, é um artista que se apropria das narrativas de uma modernidade em permanente questionamento para melhor refletir sobre o presente. O fascínio de Miguel Palma por ícones da modernidade clássica é evidente: o mundo da aviação, o automóvel, a arquitetura, a natureza (mais ou menos domesticada) e a tecnologia em geral. A curiosidade e o modo como articula diferentes horizontes do saber sublinham a capacidade de nos reinventarmos, dissimulando a inexorável lei maior, que é a da vitória do tempo sobre a finitude humana. Enquanto dispositivos potenciadores de um olhar crítico sobre o nosso passado recente e o nosso presente, os enunciados de Miguel Palma confrontam-nos com as tensões vividas no frágil equilíbrio da nossa existência. Tal como liminarmente nos diz o artista «Se o mundo fosse confortável, eu não fazia arte.» Com uma atividade continuada por mais de três décadas, as suas obras transitam entre os mais diversos meios, como a escultura, o vídeo, a instalação, o desenho e a performance.
Está representado em inúmeras coleções públicas e privadas, nacionais e internacionais tais como: Centre Pompidou (Paris, França); Coleção Berardo (Lisboa, Portugal); Culturgest (Lisboa, Portugal); MAAT (Lisboa, Portugal); FRAC Orléans (Orléans, França); FRAC-Artothèque Nouvelle Aquitaine (Limoges, França); FRAC-Limousin (Limoges, França); Fundação de Serralves (Porto, Portugal); Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa, Portugal); MNAC (Lisboa, Portugal); Fundação ARCO (Madrid, Espanha); ASU Art Museum - Arizona State University Art Museum (Tempe, Arizona).
Participou em diversas bienais, incluindo a - Prospect 1. (Nova Orleães, Louisiana) e 7th Liverpool Biennial (Liverpool, Reino Unido).