Bob é o duplo x-rated de Sara Rafael – a sua versão toldada a cruzar o crepúsculo com uma câmara fotográfica nas mãos. As imagens produzidas neste estado liminar são, também elas, marcadas por uma espécie de duplicidade: aqui convivem decadência e juventude, intimidade e partilha, o vernáculo e o solene, o acaso e a pose, mas sobretudo espectros – fantasmas avulsos de uma narrativa que tem tanto de impulso antropológico quanto de confissão autobiográfica. É apenas apropriado, portanto, que o nome deste duplo remeta para Bob the killer, o antagonista da mítica série Twin Peaks e figura-tipo do lado obscuro, da face negra do espelho. Sara Rafael (1988) vive e trabalha entre Lisboa e Viena. Bob é a sua segunda exposição individual e inaugura um novo espaço expositivo na ZDB – na verdade, uma antiga arrecadação nas imediações do bar do terraço – dedicado a mostras menos expectáveis.