Descripción de la Exposición ------------------------------------------------------- -------------------------------------------------------
Primera exposición individual de la artista Teresa Berlinck en la galeria DCONCEPT. Consta de dos series que investigan la herencia cultural, la identidad, la memoria y la vida diaria. Texto de Samuel de Jesus sobre la serie Sábado e Domingo: Les petits riens [Cenas sem consequências] A exposição das novas obras de Teresa Berlinck é uma exposição que pode surpreender o visitante. Surpreender o visitante, sim, e o levar a sentir-se carregado, ao termo da sua visita, de uma sensação de “déjà vu”. Um “déjà vu” nascido da minuciosa observação do fora, a cada dia, em seus aspectos mais inusitados e ao mesmo tempo estranhamente familiares, da experiência que nós recolhemos do mundo, perfeita epifania contemporânea. Essa experiência sensível do olhar se concentra em cada tela, fruto do deslocamento no meio das paisagens urbanas, registradas sempre pelo olho cuidadoso, indiferente ao corpo da cidade cada vez mais caótico. Mas é desse mesmo caos que nasce toda a força evocativa e poética das cenas e dos objetos retratados por Teresa Berlinck, que deixa com muita determinação o seguro jogo do lápis mesclado à fluidez do nanquim, para abrir o inspirado jogo de seu novo projeto no linho branco da tela. A destreza e a leveza do gesto preciso esboçam, para melhor a alcançar, a beleza sempre esquecida desses petits riens, cuja banalidade moderna aparente vem nos lembrar, inexoravelmente, o quanto é efêmera essa beleza singular contida: ruas em obras, a plataforma de uma estação de trem, um encontro em uma praça, doces expostos numa vitrine. Nenhum objeto, nenhum detalhe escapam do olhar atento. São cenas da vida pensadas e compostas enquanto paisagens, ou seja, não longe das paisagens com figuras tal como definidas pelos pintores clássicos do século XVII, mergulhadas na luz tênue dos arredores de Roma, e aqui reinventadas pelo delicado agenciamento das cores. Essas cenas familiares, às quais em geral prestamos pouca atenção, sempre absorvidos pela velocidade da metrópole, encontram por meio dessa postura típica do flâneur talvez a sua melhor expressão criativa: vagando ao longo do caminho, passeando através do labirinto infinito das vielas, ruas, avenidas, fixando tanto pelo ato fotográfico como pelo pictórico a memória de um tempo fora do tempo. Memória singular esta, desses petits riens consecutivos, que evoca afinal a descrição de Paris no auge da sua modernidade, escrita por Guillaume Apollinaire em seu poema Zona [1913]: “É um quadro pendurado num museu sombrio/ Que às vezes você fica olhando horas a fio.” Tal o fio sonoro de uma valsa melancólica, a sutil harmonia colorida desses instantes imagéticos vem destacar, sem avisar, o suave devaneio de um tempo perdido a ser para sempre redescoberto. Samuel de Jesus, fevereiro de 2015 Texto de Teresa Berlinck sobre la serie Biblioteca Ilustrada: Biblioteca Ilustrada Encher de vãs palavras muitas páginas E de mais confusão as prateleiras. Livros, Caetano Veloso Livros. Cenário de minha formaçāo, as estantes cheias de lombadas coloridas, cada uma reservando sua promessa, são captadas por mim pela percepçāo sensorial, diferente da razāo. As estantes da minha vida guardam livros e também outros objetos: lembranças, bibelôs e fotografias convivem com os volumes nas casas de meus avós, de meus pais e de minhas irmãs. Desde a infância, quando assinalavam um caminho de infinitas descobertas, até agora, quando começo a herdá-los, os livros despertam em mim um interesse maravilhado, próximo da veneração e do culto. Nos trabalhos aqui apresentados produzi obras usando partes de livros de sociologia sobre o Brasil, coleções de cartuns e uma velha enciclopédia, combinados a fragmentos de objetos, desenhos e aquarelas que fiz nos últimos dez anos como ilustrações para livros didáticos. Esse encontro com os livros e os objetos herdados – coisas que sobram, orfãs no mundo – me confronta com o avanço do tempo em direção ao fim. Incômoda sensação de insuficiência, combustível que alimenta meu desejo de encompridar um pouco mais essas narrativas, criando novos objetos com velhos pedaços. Teresa Berlinck, fevereiro de 2015
Exposición. 12 nov de 2024 - 09 feb de 2025 / Museo Nacional Thyssen-Bornemisza / Madrid, España