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BF24 - Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira

Bienal de arte / Celeiro da Patriarcal / Vila Franca de Xira, Lisboa, Portugal
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Cuándo:
23 nov de 2024 - 23 mar de 2025

Inauguración:
23 nov de 2024

Comisariada por:
Ana Rito

Organizada por:
Câmara Municipal de Vila Franca de Xira

Artistas participantes:
Adriana Molder, Anna María Maiolino, Bárbara Fonte, Brígida Mendes, Bruce Nauman, Carla Cabanas, Damir Ocko, Daniela Ângelo, Denilson Baniwa, Elisa Azevedo, Igor Jesus , Irit Batsry, Paulo Arraiano, Sandra Rocha, Tris Vonna-Michell
Etiquetas
Fotografía  Fotografía en Lisboa 

       


Descripción de la Exposición

Era uma vez uma serpente infinita. como era infinita não havia maneira de se saber onde estava a sua cabeça. de cada vez que se lhe tirava uma vértebra não fazia falta nenhuma. podia-se mesmo parti-la deslocá-la emendá-la. ficava sempre infinita. quem quisesse levar-lhe um bocado para casa podia pô-lo na parede e contemplar um fragmento da serpente infinita. Ana Hatherly A partir de uma leitura especulativa de A Lecture on Serpent Ritual, texto que tem por base a conferência proferida por Aby Warburg em 1923 no hospital de Kreuzlingen (na altura, casualmente intitulado Imagens da Região dos Índios Pueblo da América do Norte), a atual edição da Bienal de Fotografia BF24 pretende exercitar uma abordagem multimodal e plural de conceitos como metamorfose, transmutação, magia, ritual, pele, maquilhagem, camuflagem, superfície ou dobra, observando as «imagens que mudam de pele». O fluxo entre as imagens, fixas ou/e moventes, devedor de um gesto anacrónico, potencia um atlas serpenteante onde as «ninfas» atravessam os tempos históricos e a contemporaneidade. Estabelecendo um horizonte dialogante com a edição de 2022, o Programa Curatorial, intitulado SERPENTE INFINITA, apresenta um conjunto de intervenções em diversos locais da Vila, estando previstas exposições coletivas e apresentações individuais de artistas nacionais e internacionais, assim como uma residência artística e editorial na Fábrica das Palavras com a editora Sr Teste, do seio da qual resultará uma publicação que incluirá a primeira tradução em língua portuguesa deste texto primeiramente publicado em 1938, acompanhado de uma «nova iconografia da serpente», a partir da consulta de todo o acervo da Biblioteca. Criando zonas de contacto e de diálogo e examinando as relações entre a fotografia e a videoarte, a literatura, a performance, o cinema e o desenho, as exposições-ações são percebidas como cosmologias cruzadas de universos autorais que operam no campo aberto da fotografia. Conceito Curatorial «Mesmo que estejam em mundos separados, ambos — altar e atlas — configuram tentativas dirigidas (Versuchsanordnungen) de representar, por meio de objetos individuais específicos, as maiores ligações "energéticas" entre as forças que controlam o mundo.» Na observação do fotográfico como uma possibilidade de formação de subjetividades oscilantes, de geração de processos de hibridização das imagens em trânsito, seguimos a análise que Philippe-Alain Michaud faz do projeto Atlas Mnemosyne (1924–1929), examinado as dinâmicas de produção do movimento e daquilo a que poderíamos chamar cinematografia essencial. A figura da serpente — da escultura de Laocoonte à cerimónia dos índios hopi — parece encarnar essas linhas (raios) que atravessam transtemporalmente mitologias individuais e coletivas e que se manifestam, de quando em vez, em quadros mais ou menos percetíveis. Warburg não terá assistido ao ritual da serpente entre 1895 e 1896, quando da sua visita às tribos ameríndias no Novo México e no Arizona, tendo a sua palestra sido precisamente uma operação entre documento, empirismo e ficção. Ora, as imagens não são uma mera propriedade ou manifestação material de um qualquer medium, ou técnica (tecnologia); elas são, acima de tudo, uma operação ou um conjunto de operações: relações porosas entre o visível e o invisível, o dizível e o indizível, o documento e a ficção, numa sinuosa teia de re-significações e infusões, dissemelhança, deslocamento e desfasamento. Ao destacar a relevância contínua do pensamento warburguiano no contexto da arte contemporânea, e especialmente da fotografia, procura-se explorar a interseção entre o simbolismo ritualístico e o pensamento contemporâneo sobre o fotográfico, conectando narrativas universais e particularizadas de transformação e renovação. Mudanças de pele, portanto. Quando Goethe descreve a sua experiência percetiva diante do grupo escultórico Laocconte, esta aproxima-se daquela que Warburg referia relativamente às figuras de Botticelli, num mesmo efeito, ou estímulo, flicker, um pestanejar que produz movimento a partir de algo aparentemente estático: (…) coloquemo-nos diante do grupo com os olhos fechados e à distância necessária; vamos abri-los e fechá-los alternadamente e veremos todo o mármore em movimento; teremos medo de descobrir que o grupo mudou quando abrirmos novamente os olhos. Eu diria prontamente que, como o grupo está agora exposto, é um relâmpago fixo, uma onda petrificada no momento em que se aproxima da costa. Vemos o mesmo efeito quando vemos o grupo à noite, à luz dos archotes. Warburg parece apresentar a serpente como figura ou representação do movimento, dos movimentos: das linhas, dos tempos, do cosmos, do pathos, das águas das chuvas, das colheitas, da ecdise (na muda da pele, das superfícies, dos corpos), das imagens que entram uma pelas outras. Pensamos, a partir deste recorte concetual, a exposição enquanto ritual, uma sequência de pequenas cerimónias alumiadas por «archotes» (flambeaux), num plano quase não eletrificado, (aliás, Warburg acusava a tecnologia de retirar o mistério ao mundo, de lhe omitir o enigma que se esconde no escuro), num jogo aberto de aparições, de revelações a cada flash ou relâmpago, oscilando entre o foscado da noite, a tempestade e o início claro do dia. Enquadramos, ainda, o fenómeno da phantasmagoria (finais do século XVIII), explorando o papel da sombra e da luz na revelação e na criação de espaço como uma transição entre o tangível e a ficção, o que significa equacionar os aspetos mais básicos da perceção, da cognição e também do movimento, de novo. e Organização SERPENTE INFINITA organiza-se em dois momentos distintos, mas comunicantes: as exposições na Fábrica das Palavras, na Galeria Paulo Nunes, no Núcleo Museológico Mártir Santo, assim como as intervenções na fachada do Museu do Neo-Realismo, inauguram no dia 23 de novembro de 2024, ao passo que a exposição coletiva no Celeiro da Patriarcal inaugura a 8 de fevereiro de 2025. Todas as exposições podem ser visitadas até 23 de março de 2025. Serão apresentadas obras de Adriana Molder (Portugal), Bárbara Fonte (Portugal), Brígida Mendes (Portugal), Carla Cabanas (Portugal), Daniela Ângelo (Portugal), Elisa Azevedo (Portugal), Igor Jesus (Portugal), Inês Moura (Portugal), Irit Batsry (EUA), Paulo Arraiano (Portugal), Sandra Rocha (França e Portugal), Tris Vonna-Michell (Reino Unido) e Sr Teste (Portugal), destacando-se a participação de Anna Maria Maiolino (Brasil), Leão de Ouro na 60.ª Bienal de Arte de Veneza, Bruce Nauman (EUA), Damir Ocko (Croácia) e Denilson Baniwa (Povo Baniwa / Brasil), um dos curadores do Pavilhão do Brasil — Hãhãwpuá na 60.ª Bienal de Veneza. Será ainda exibido, no contexto da exposição no Celeiro da Patriarcal, Danse Serpentine II (1897–1899), filme realizado por operador desconhecido, atribuído à Société Lumière, em parceria com o Institut Lumière. Numa colaboração com a Umbigo Magazine, será publicado na edição da revista de Dezembro de 2024 um ensaio visual e escrito, extensão do projeto curatorial SERPENTE INFINITA. No contexto do ciclo expositivo será desenvolvido um programa de mediação com a participação de várias entidades e instituições e serão organizados eminários sobre Imagem com convidados de áreas do saber diversas, visitas temáticas com a participação da curadora e convidados e workshops com a colaboração de investigadores e artistas.


Entrada actualizada el el 13 jun de 2024

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