Descripción de la Exposición
A volta de Delson Uchôa (Maceió, 1956) a São Paulo depois de cinco anos, agora representado pela Zipper Galeria, é comemorada no dia 28 de abril, com a abertura da mostra Belo em si, que traz cinco pinturas, duas esculturas e uma série de fotografias inéditas. O artista, que expôs na 53ª Bienal de Veneza, é reconhecido por suas pinturas monumentais que exaltam a cor e a luz da atmosfera de sua terra natal, construídas por múltiplas camadas que formam uma superfície contemporânea a partir de signos de raiz popular.
Segundo Paula Braga, autora do livro Belo em si, que será lançando na abertura da exposição, as obras de Uchôa discutem a ideia de cultura em tempos de globalização. Os elementos que orientam a composição das peças são compostos por sombrinhas chinesas, produzidas em escala que só o "made in China" pode alcançar. Segundo Braga, estas peças, numa espécie de mestiçagem expandida, inserem cores e padronagens decorativas na paisagem seca da caatinga alagoana. "Como as sombrinhas são assustadoramente baratas, produzidas às custas de baixíssimos salários e alto impacto ambiental, para além da superfície colorida, o belo da matéria chega a um discurso político", aponta ela.
Em seu texto, Braga chama atenção para a beleza dos padrões simétricos da pintura de Delson Uchôa, sugerindo, no entanto, que o espectador vá além da beleza contida em sua superfície para alcançar o "belo em si". Ao retomar seus trabalhos antigos, continuando-as ou capturando marcas da rotina da casa - vestígios da memória e do tempo - a autora acrescenta à obra de Uchôa a questão da autofagia. Um dos procedimentos técnicos do artista consiste em despejar resina transparente no chão, sobre as lajotas de barro. Após a secagem, o artista pinta no chão, por cima da resina seca, pisa no inusitado tapete, arrasta os móveis, varre, passa produtos de limpeza doméstica. Sobre esta base, o artista acrescenta elementos, linhas, cores. "A pintura já foi chão ou toalha de mesa e antes ainda foi átomo do cerne do mundo", completa Braga.
A autora destaca ainda o processo de autofagia cultural, jornada do artista para o seio da arte popular nordestina, para os bordados, cestarias, para a cerâmica marajoara, da qual ele retorna "como um Ulisses para a origem virtuosa de tudo". Segundo Braga, a obra de Delson Uchôa tem múltiplas camadas, materiais e semânticas: peles sobrepostas, a serem levantadas e adentradas. "O belo expande-se para muitas dimensões, sai da parede para ocupar o espaço, a casa, a caatinga, a galeria, a discussão sobre arte nacional e economia global".
Delson Uchôa vive e trabalha em Maceió, onde se formou em Medicina no ano de 1981 e, paralelamente, iniciou seus estudos em pintura na Fundação Pierre Chalita. Após uma viagem de estudos à França, fixou residência no Rio de Janeiro, onde participou de importantes exposições, iniciando pela coletiva "Como vai você? Geração 80" (Escola de Artes Visuais do Parque Laje, 1984), o que o projetou no cenário artístico nacional. Foi contemplado pela Academia Teuto Brasileira de Verão (DBKV)/ Instituto Goethe/ Fundação Pierre Chalita com uma bolsa em Berlim, Alemanha, onde expôs na Galerie Springer (1993).
Dentre diversas exposições no Brasil e exterior, destacam-se: XX Bienal de Curitiba (Curitiba, 2013); Delson Uchôa, SIM Galeria (Curitiba, 2013); 12th Cairo Bienalle (Egito, 2010); 10ma. Bienal de la Habana (Cuba, 2009); 53ª Biennale di Venezia (Itália, 2009); Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (Brasil, 2003); XXIV Bienal de São Paulo (Brasil, 1998); entre outras.
Possui obras em importantes coleções, como: Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil; Inhotim, Brumadinho, Brasil; Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Brasil; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil; Vogt Collection, Berlim, Alemanha; entre outras.