Descripción de la Exposición
A Galeria Millan apresenta "Everyday Beauty", primeira exposição individual de Feliciano Centurión (1962, San Ignacio de las Misiones, Paraguay - 1996, Buenos Aires, Argentina) no Brasil. A mostra conta com curadoria de Dominic Christie, curador e pesquisador radicado em Londres. As 20 obras em tecido selecionadas foram organizadas em três núcleos temáticos: Fauna e Flora, Iconografia Religiosa e Espiritual e Materialidade.
A obra de Feliciano Centurión incorpora objetos cotidianos e estampas decorativas de designs pré-existentes, comprados pelo artista em feiras de bairros ou de segunda mão, a partir dos quais ele realiza intervenções manuais com bordados e crochê. Os trabalhos têxteis adotam como suportes cobertores infantis, aventais, almofadas e pequenos recortes de tecidos estampados que remontam ao ambiente doméstico, infantil e à esfera afetiva. Neles, figuram-se elementos da iconografia cristã, da fauna e da flora nativas da região subtropical do Paraguai, onde viveu durante a infância, e representações de animais imaginários. A relevância do contato com o mundo natural em sua produção, bem como as técnicas e motivos adotados reportam às raízes étnicas Guarani de Centurión, das quais ele se orgulhava.
Nascido em San Ignacio de las Misiones, na zona rural do Paraguai, e criado pela mãe e pela avó, Centurión cresce em um ambiente católico e composto majoritariamente por mulheres, traços marcantes da cultura paraguaia desde a Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870), ou a Guerra do Paraguai, quando o país perdeu cerca de noventa por cento de sua população masculina. Após mudar-se para a Argentina com sua família durante os anos 1980, Centurión inicia seus estudos em arte e, por volta de 1989, passa a fazer parte de um grupo de artistas ligados ao Centro Cultural Ricardo Rojas, associado à Universidade de Buenos Aires. Os artistas desta geração adotaram materiais não convencionais e de baixa qualidade, como brinquedos de plástico e objetos da cultura popular, desenvolvendo uma estética associada ao kitsch e voltada à apreciação do próprio fazer artístico – que se opunha ao conceitualismo em voga durante os anos 1970 na América Latina. Nesse contexto, Centurión participou do grupo 3x3, ao lado da artista argentina Ana López e da brasileira Heloísa Schneiders. Sua breve produção artística, que soma cerca de 250 obras, se manteve praticamente desconhecida fora de seu contexto de origem por cerca de duas décadas após seu falecimento.
De acordo com o curador Dominic Christie, a mostra pretende “demonstrar como a linguagem visual de Centurión emergiu a partir de uma síntese singular de suas raízes Paraguaias e Guaranis e do ambiente cultural de Buenos Aires entre as décadas de 1980 e 1990.” O contexto cultural de Buenos Aires possibilitou que Feliciano explorasse livremente sua sexualidade, tema que se faz presente em algumas de suas obras que tratam de desejos e paixões por meio de figurações homoeróticas, como um diário íntimo. Quando diagnosticado com HIV positivo, começou a registrar o convívio com a doença em uma série de bordados sobre pequenos travesseiros. Assim, Centurión desenvolveu uma obra confessional, na qual biografia e produção artística se mesclam sem deixar de lado referências mais amplas e sutis ao contexto político e social paraguaio e argentino que passavam por um processo de redemocratização.
Exposición. 13 dic de 2024 - 04 may de 2025 / CAAC - Centro Andaluz de Arte Contemporáneo / Sevilla, España
Formación. 01 oct de 2024 - 04 abr de 2025 / PHotoEspaña / Madrid, España