Após estudos dos jardins de Burle Marx, foi em uma entrevista que o paisagista deu a Clarice Lispector que se estabeleceu o caminho para essa exposição. Clarice sempre escreveu de maneira imagética e seus textos são bastante enigmáticos, explorando temas do cotidiano e da alma feminina. As pinturas e esculturas em cerâmica presentes na exposição pretendem fazer as mesmas pontes. Elas olham para a nossa natureza e criam o enigma através de uma paisagem construída e uma situação inventada. Da natureza ao redor surgem as formas orgânicas e simples. Isso seria o paralelo com o cotidiano de Clarice. E nas pinceladas, movimentos, camadas e passagens, a complexidade e sedução do feminino.
As pinturas nascem das formas e crescem através das cores. Em camadas de acrílica sobre tela o processo é composto de sobreposições com uma textura progressivamente aquosa, para revelar as passagens anteriores. Ao mesmo tempo das obras bidimensionais temos as...cerâmicas em barro branco, material frágil e simples como areia. São esculturas com interferências; o vaso como objeto visto de outra maneira.
Beijo-te assim como flor provém de um texto de Clarice. O título da exposição traduz a poesia que é nosso encontro com o outro, com a natureza, com nosso íntimo. Nas telas, um tom encontra o outro, uma forma se completa na outra. Telas e cerâmicas são uma extensão de si mesmas. A profusão das cores e formas carrega uma série de mensagens que cada um tende a interpretar baseado em suas próprias experiências. A linguagem da arte começa no artista e termina em nós mesmos. Esta é uma exposição sensorial, que valoriza o prazer, a vida e, principalmente, os nossos encontros.
Entrada actualizada el el 09 mar de 2018
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