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Beatriz Santiago Muñoz: Oriana

Exposición / Pivô Arte e Pesquisa - Edifício Copan / Rua Ipiranga, 200 - Edificio Copan, Bloco A, loja 54 / São Paulo, Sao Paulo, Brasil
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Cuándo:
05 sep de 2021 - 06 nov de 2021

Inauguración:
05 sep de 2021

Comisariada por:
Fernanda Brenner

Organizada por:
Pivô

Artistas participantes:
Beatriz Santiago Muñoz

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Etiquetas
Instalacion  Instalacion en Sao Paulo 

       


Descripción de la Exposición

Procure nas lacunas, em tudo que não é continuidade dos discursos deles, no zero, no O, no círculo perfeito que você inventa para aprisioná-los e derrotá-los. (As guerrilheiras, Monique Wittig) O trabalho da artista porto-riquenha Beatriz Santiago Muñoz é sempre fruto de um tempo de qualidade compartilhado com os participantes – e, muitas vezes, coautores – de seus filmes; sejam eles pessoas, lugares ou objetos. Para a artista, a câmera é um instrumento de mediação entre quem está à frente e atrás de suas lentes; o reconhecimento mútuo da presença desse objeto é a premissa para o estabelecimento de vínculos importantes, que não raro revelam os pontos de partida para os seus trabalhos. A partir de experimentações visuais-performativas, conduzidas quase sempre de sua Porto Rico natal e das cercanias, Santiago Muñoz desvela por vias estéticas questões estruturantes de contextos que ainda guardam marcas de invasões coloniais recentes, em que pessoas vivem segundo outros parâmetros que não os prescritos pela cartilha do capitalismo global. A linguagem por vezes fragmentada, o ritmo particular da montagem e a densidade de suas imagens embaralham, deliberadamente, o documental e o ficcional. Sua filmografia é em si um convite à desautomatização de um modo de ver e estar em um mundo criado e sustentado por narrativas eurocêntricas de progresso e desenvolvimento. Em sua primeira exposição individual no Brasil, Beatriz Santiago Muñoz apresenta Oriana – uma instalação audiovisual em vários canais baseada no livro As guerrilheiras, da escritora feminista Monique Wittig (1969) –, ocupando todo o espaço expositivo do Pivô. Desde a sua adolescência, a artista revisita o ambiente pungente criado pela autora francesa e, nos últimos anos, dedicou-se a reinterpretá-lo em um longa-metragem aberto e processual, em que mulheres importantes na comunidade e na vida de Santiago Muñoz são convidadas a habitar um espaço-tempo indefinido, proposto e conduzido por ela. No livro, Monique Wittig subverte sua língua materna para descrever as agruras de uma tribo formada por corpos lidos como femininos que se levantam contra a semântica do patriarcado e suas implicações. A autora é uma das primeiras a questionar – já nos anos 1960 –, a heterossexualidade e o sistema de gênero tidos como naturais, rechaçando-os ativamente ao propor uma transformação das relações comunais a partir da criação de uma gramática que escapa à programação binária original. À sua maneira, Beatriz Santiago Muñoz encena uma espécie de tradução visual do universo criado por Monique Wittig, sobretudo no que diz respeito à sua predisposição para esgarçar e implodir os alicerces de uma linguagem que já não dá conta daquelas presenças híbridas ou, para ir mais longe, de uma linguagem que não dá conta de todo o espectro da experiência humana. Assim como na diagramação original do livro, Beatriz Santiago Muñoz quebra as sequências de seu filme-processo em telas de diferentes formatos espalhadas pelo espaço expositivo. Cada visitante escolhe o seu percurso e acompanha o tempo circular das personagens em seu próprio ritmo. A arquitetura peculiar do espaço, a trilha sonora original, composta pela banda brasileira Rakta, e as intervenções gráficas criadas pelo Estúdio Daó funcionam como fios narrativos que orientam uma profusão de imagens e sons que tomam conta do ambiente. Em sua versão literária, as elles de Wittig se despegam de seus nomes próprios para desdizerem as palavras dominantes. Ao recriar visualmente aqueles corpos-entidades, Beatriz Santiago Muñoz as transporta para a densidade úmida da floresta tropical. Não sabemos ao certo quem são, quando e onde vivem suas personagens, e é a partir desse lugar desconhecido– e ao sul – que a artista instaura uma espécie de subjetividade compartilhada entre quem atua, quem colabora e quem assiste aos seus filmes. A experimentação coletiva que deu origem a Oriana reitera que mudanças estruturais importantes emergem sobretudo de revoluções epistemológicas e de experiências comunitárias radicais, como ocorre na proposta de Wittig, retomada oportunamente por Santiago Muñoz mais de cinquenta anos depois. Fernanda Brenner Oriana é uma coprodução do Pivô com a Fundação Bienal de São Paulo e integra a programação da 34ª Bienal – Faz escuro mas eu canto. A artista também participa da 34ª Bienal de São Paulo, que poderá ser visitada gratuitamente no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Parque Ibirapuera, de 4 de setembro a 5 de dezembro de 2021. Na abertura da exposição, domingo, 05 de setembro, das 13h às 19h, a banda Rakta apresentará música improvisada ao vivo baseada na trilha sonora do filme.


Entrada actualizada el el 30 ago de 2021

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