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Bate-papo virtual sobre o projeto 5 CASAS

Formación Online


Cuándo:
El 13 jun de 2021

Horario:
17:00

Dirigido a:
Artistas, Profesionales, Organizaciones

Organizada por:
Museo de Arte de Río Grande do Sul Aldo Malagoli - MARGS

Profesionales participantes:
Alexandre Santos, Francisco Dalcol

ENLACES OFICIALES
Instagram 

       


Descripción de la Formación

O artista Bruno Gularte Barreto convida para um bate-papo sobre o projeto 5 CASAS, de sua autoria, que conta com uma exposição em cartaz no Museu de Arte do Rio Grande do Sul e com o lançamento da publicação de um livro-arte homônimo, ambos financiados pela Lei Aldir Blanc. Os convidados são Alexandre Santos, historiador e crítico de arte, e Francisco Dalcol, diretor do Museu. A live acontecerá no dia 13 de junho, domingo, às 17h, pelo Instagram do MARGS. 5 CASAS retrata a busca pelas recordações da infância do artista, suas complexidades e contradições, na pequena cidade no interior do Rio Grande do Sul onde nasceu. Ao retornar em busca de suas lembranças, ele se depara com a realidade dos lugares e pessoas que ficaram e, através delas, vai redescobrir a sua própria história, propondo uma arqueografia pessoal melancólica e, ao mesmo tempo, crítica da pequena cidade onde vivem. O trabalho nos apresenta cenas de memória e de pessoas que foram importantes na formação de Bruno, como uma velha professora de francês tocando um piano desafinado acompanhada de seus 36 gatos; um homem que vive há mais de 40 anos sozinho em uma fazenda mal assombrada; um grupo de freiras que conduzem uma escola de ensino fundamental; um jovem gay sofrendo bullying e agressões e um menino cujos pais morreram 20 anos atrás. Segundo o artista, “Compartilhar o conteúdo deste projeto é uma forma de retribuir e dividir um pouco do que eu mesmo aprendi com eles. Não é apenas uma forma de contar a minha história, mas sim de contar a nossa história através da voz deles. Este projeto é sobre ouvir vozes que estão lentamente se apagando.” O projeto 5 CASAS teve origem no programa de mestrado em poéticas visuais de Bruno, finalizado em 2015, e, como desdobramentos, além da mostra em cartaz e do livro-arte, foi realizada uma exposição no Centro de Fotografía de Montevideo (2019) e um longa-metragem documental, o 5 CASAS / 5 HOUSES (2017). O filme participa até hoje de grandes eventos internacionais, como em novembro de 2020, quando teve sua première internacional como único longa-metragem brasileiro na competitiva oficial do maior festival de arte documental do mundo, o IDFA, em Amsterdam. A exposição em cartaz é formada por uma série de fotografias, foto-instalações, objetos e vídeos, peças que lidam com os conceitos de memória, autobiografia e autoficção. A mostra inaugurou em 11 de maio no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), onde se estende até 11 de julho de 2021. O livro-arte, que conta com texto de apresentação de Alexandre Santos e colaboração de Amanda Teixeira (Azulejo Arte Impressa) e Daniel Eizirik (Riacho), em breve estará à venda na Livraria Baleia. Mostra e publicação têm produção conjunta de Estranho Produções e Primeira Fila Produções. Serviço O quê: Live sobre o projeto 5 CASAS e lançamento do livro-arte homônimo Quando: Dia 13 de junho, às 17h Onde: Instagram do MARGS (www.instagram.com/museumargs) MATERIAL COMPLEMENTAR Sobre as 5 CASAS e as pessoas que as habitam A CASA DA BRUXA Em uma casa velha, cercada de árvores, vive uma professora. Essa mulher, de postura impecável, de roupas muito asseadas ainda que puídas, de cabelos muito negros, sorriso fácil e olhos atentos vive cercada por 4 cachorros e um sem número de gatos. A casa é cheia de livros, bibelôs de animais e souvenires franceses, e habita o imaginário das crianças da cidade como um lugar de mistérios. Um lugar diferente das outras inúmeras casinhas de arquitetura tipicamente portuguesa que a cercam. Uma casa de bruxa. Uma bruxa chamada Maria. Eu fui um de seus alunos, ela era orientadora educacional na escola em que estudei. Quando eu era criança nós nos sentávamos no pátio nos fundos da sua casa e conversávamos. Novembro passado todos os gatos dela morreram. Os vizinhos novos dela os envenenaram. Eles querem demolir a sua casinha para construir um edifício em seu lugar. A CASA MAL ASSOMBRADA O terreno na parte sudoeste do Rio Grande do Sul é extremamente plano. É possível percorrer quilômetros vendo o horizonte em todas as direções, sem árvores, sem montanhas, apenas um mar de campo. No meio dessa imensidão, uma casa antiga e, nos fundos dessa casa, um galpão. Nesse galpão, um senhor. “Seu Ricardo” passou a vida sozinho, longe da família que visita uma vez por mês na cidade, cuidando de uma casa que não é sua. Ele vive sozinho pois ninguém mais tem coragem de viver lá. Dizem que os espíritos dos meus antepassados surgem à noite para espantar os intrusos. Ele próprio não se arrisca a entrar na casa grande após o pôr do sol. Sua vida de trabalho árduo, sozinho entre o gado e as vastas plantações. Seus filhos foram criados na cidade, ele, analfabeto, tem orgulho de que todos tenham estudado. Quando é obrigado a deixar a fazenda mal assombrada e ir ele próprio viver na cidade por causa da idade avançada, Seu Ricardo nos fala da saudade que sente daquele que considera seu verdadeiro lar. Preferia viver sozinho com os animais. Pouco tempo depois dessa mudança Seu Ricardo faleceu. Talvez agora ele tenha finalmente retornado à velha casa de que tanta falta sentia. A CASA DE DEUS Em uma rua de paralelepípedos, se ergue uma enorme construção cinzenta. Uma capela no lado direito imponente com sua torre, ao seu lado um convento com suas escadarias, jardins, poços, paredes muito altas e janelas enormes com grades de ferro. Dentro desse antigo convento, salas de aula, laboratórios, uma biblioteca e uma sacristia. Nessa sacristia, um grupo de freiras reza. Entre elas, uma velha freira de feições severas. Se chama Irmã Amélia. O convento hoje em dia é uma escola de ensino fundamental. Irmã Amélia até hoje é conhecida como a diretora da escola mais temida pelas crianças. Recentemente Irmã Amélia recebeu de sua superiora a notícia de que será transferida da cidade onde passou 40 anos, deixando para trás a escola que é hoje sua casa e indo embora levando apenas uma mala de roupas e poucos pertences pessoais. Dividida entre o voto de obediência que a impede de questionar as ordens da congregação e o desejo de permanecer na cidade, ela se resigna e ora. A cidade inteira então se reúne em uma manifestação em frente à escola, com cartazes e fogos de artifício vão pedir que Irmã Amélia fique. A CASA DE BONECAS Rodier tem o mesmo nome do pai. Nós éramos amigos de infância. Ao contrário do seu pai, Rodier é homossexual. Vindo de uma família humilde, seu pai é mecânico. Rodier, desde pequeno, é identificado por todos na pequena cidade em que habita como homossexual. Como tal, ele sofre preconceito, agressões verbais e físicas e leva uma vida mais difícil do que a dos habitantes “normais” da cidade. À medida que cresce, sua personalidade marcante, modos extravagantes e desenvoltura fazem com que seja cada vez mais facilmente identificado como homossexual. A princípio, as reações são de violência, desprezo e ridicularização. Com o tempo, o que antes era incomum acaba por se tornar corriqueiro. Ele deixa de ser “aquele menino afeminado” para se tornar uma pessoa que todos conhecem. Com o tempo, as tentativas de humilhação e piadas homofóbicas diminuem, em grande parte porque ele, ao invés de se esconder e ocultar sua sexualidade, como é o costume local, a assume e se posiciona. Com o tempo, mesmo apanhando e levando pedradas, ele torna uma cidade inteira um pouco mais tolerante. A CASA DE FAMÍLIA Minha mãe morreu quando eu era ainda muito jovem, 8 anos. Meu pai viveu sozinho na mesma casa em que criou seus 3 filhos até a sua morte, 5 anos depois. Quando morreu, ninguém além dele habitava a grande casa velha em que fui criado. Eu e meus irmãos esvaziamos a casa de tudo que estava em condições de uso de que precisávamos, doamos o resto, vendemos algumas poucas coisas. Mesmo assim, era uma casa que abrigou durante tantos anos uma família inteira e, portanto, havia ainda muitos objetos sem valor comercial ou utilitário, porém cheios de memórias. Sem saber o que fazer com esses objetos, fizemos o que sempre fizemos com o incômodo, o indesejado, encaixotamos tudo e escondemos no fundo de um galpão escuro, como que querendo encaixotar essas lembranças por não saber como lidar com elas. Esses objetos permaneceram lá, encaixotados, pelos últimos 20 anos. Até que um vendaval destruiu o telhado do galpão, e precisamos voltar lá para lidar com essas caixas. Este episódio é sobre ir em busca dessas memórias. Eu voltei, após tantos anos, para encontrar uma casa vazia. Para falar com Ivone, a amiga da família que me contou que minha mãe estava morta. Para conversar com Beatriz, a prima que cuidou de meus pais no leito de morte. Para ir ao cemitério. Para visitar a árvore sob a qual meu cordão umbilical está enterrado. E para reencontrar as pessoas que vivem nas 5 casas.


Entrada actualizada el el 10 jun de 2021

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